Os livros que sou — Teolinda Gersão

Por: Beatriz Sertório a 2025-02-11

Teolinda Gersão

Teolinda Gersão

Teolinda Gersão estudou nas Universidades de Coimbra, Tübingen e Berlim, foi leitora de português na Universidade Técnica de Berlim e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde leccionou Literatura Alemã e Literatura Comparada. Viveu três anos na Alemanha, dois anos em São Paulo, Brasil, e conheceu Moçambique e a cidade de Lourenço Marques, onde decorre o romance A árvore das palavras. É autora de 20 livros e a sua obra encontra-se traduzida em 20 países. Considerada uma das maiores escritoras portuguesas da atualidade, foi galardoada com os mais prestigiados prémios literários nacionais, nomeadamente o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, o Prémio do PEN Clube (1981 e 1989), o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio Fernando Namora (1999 e 2015) e o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2017 pelo conjunto da sua obra.
Foi escritora residente da Universidade de Berkeley em 2004.
Alguns dos seus contos e livros têm sido adaptados ao cinema e ao teatro e encenados em Portugal, na Alemanha e na Roménia.
Em 2018, foi-lhe atribuído o Marquis Lifetime Achievement Award e, em 2023, venceu a 28.ª edição do Grande Prémio de Literatura dst com o livro O regresso de Júlia Mann a Paraty.

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A Comunidade Bertrand une os amantes de livros com presença no mundo digital, com quem partilhamos a paixão pelos livros e desenvolvemos diversas iniciativas, tendo em vista a promoção da leitura. Tivemos a oportunidade de conhecer Sónia Canário, a mulher por trás da página @scanario_bookstagram, na qual partilha as suas aventuras literárias — com a participação ocasional dos amigos de quatro patas.

Bruno Vieira Amaral: "A beleza da literatura é entrar num mundo que não é o nosso"

No teu primeiro livro, As Primeiras Coisas, foste buscar muito do bairro onde nasceste, Vale da Amoreira, no Barreiro, e das pessoas com quem te cruzaste ao longo da infância e adolescência. O que tem de ti este toda a gente tem um plano? Todos os livros têm tudo de mim. O que este tem comum com os outros é a observação. Na génese de todos os meus livros, está o interesse pelos outros, a capacidade e interesse em ver os outros, em olhar profundamente para os outros e interessar-me pelas histórias dos outros. Eu não acho que o ponto de partida seja sempre um sentimento benigno, por vezes, é algo até parasitário, parte quase sempre de uma necessidade egoísta. Mas, ao mesmo tempo, pela atenção que dedicamos ao outro e que é necessária para criar as personagens, acaba por ser colateralmente um ato de amor…ou pelo menos de atenção. 

Madalena Sá Fernandes: "A literatura sempre foi o lugar no qual me sentia ouvida, compreendida, aconchegada"

Foi preciso mais coragem para escrever o Leme ou para o tornar público? Quando decidi escrever o Leme, o Leme ainda não era o livro que viria a ser, era uma fuga total àquele assunto. Eu já sabia que queria escrever um livro para publicar se sentisse que tinha o que eu achava necessário em qualidade, por isso, quando decidi abandonar o outro caminho, o Leme acaba por surgir de uma desistência, quando eu decido desistir daquilo que eu achava que ia escrever, é quando eu decido encarar aquela história. Mas entre a escrita e a publicação, nesse pequeno intervalo, veio muito medo, vieram as dúvidas… e aí não estavam relacionadas com a escrita, o que me deu mais medo foi a parte da publicação. Porque a escrita foi quase de rajada, terapêutica, necessária. 

Na Bertrand, somos livros por isso, convidámos Teolinda Gersão para uma conversa sobre os livros que fizeram dela a escritora e leitora que é. Autora de mais de duas dezenas de obras e vencedora de múltiplos prémios, partilhou connosco os seus hábitos de leitura, as influências literárias que moldaram a sua escrita e os livros que mais a marcaram, passando pelo seu mais recente Autobiografia não escrita de Martha Freud. Afinal, como escreveu Afonso Cruz em Os Livros Que Devoraram o Meu Pai, “nós somos feitos de histórias, não de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros. É de histórias.” Estas são as histórias de que é feita Teolinda Gersão.


Lembra-se de qual foi o primeiro livro que despertou em si o amor pela leitura?

Não houve um livro, foram muitos. E, antes de qualquer livro, houve as histórias que me contavam, as mesmas que em geral se contam às crianças, Branca de Neve, Gata Borralheira, Capuchinho Vermelho, e por aí adiante. Na infância, são momentos mágicos: além da história, de que estamos suspensas, existe a presença de quem conta, alguém que gosta de nós e de quem gostamos. Contar e ouvir é uma relação de amor, ou pelo menos de grande proximidade e afecto. Isso vai ter impacto na relação futura com os livros.


E pela escrita? Houve algum livro ou autor que tenha influenciado a tomada desse rumo?

Escrevi desde a infância, era tão natural como desenhar, brincar, ou jogar um jogo qualquer. Sempre achei que a coisa mais fascinante do mundo eram as histórias, e escrevê-las a maior das aventuras.


Qual o livro ao qual volta sempre, aquele que levaria consigo para uma ilha deserta?

A melhor resposta que já ouvi a essa pergunta é a de Chesterton: “Manual de Construir Barcos”. Mas eu não seria capaz de construir um barco, por isso levaria, em vez de um livro, um computador com uma carga inesgotável (que, nesse mundo hipotético, teria de existir), e me daria acesso a todos os livros que quisesse ler.

Mas a pergunta é na verdade um ultimato: “Escolha um livro”. Um livro de que nunca me cansasse. Leio sempre um bom livro mais do que uma vez. Aliás, o que distingue a literatura dos outros livros não é não ser descartável, nem ter prazo de validade?

Não consigo escolher apenas um, mas citarei alguns inesquecíveis: A Gaivota de Tchekov, Anna Karenina de Tolstoi, Os Demónios, de Dostojevski, Se isto é um homem, de Primo Levi, O Processo de Kafka, Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar, O Aleph de Borges, os Contos de Lydia Davis, Terna é a noite de Scott Fitzgerald, As Ondas de Virginia Woolf… Sem esquecer o livro de Ray Bradbury, Fahrenheit 451, que é uma glorificação dos livros e da liberdade de ler, num mundo louco que destrói o pensamento, a imaginação, a liberdade e o sentido crítico, destruindo os livros e proibindo a leitura. 


Um livro que a fez rir, e outro que a levou às lágrimas?

Houve na minha infância um livro tipo banda desenhada, As aventuras de Plick e Plock, dois anões que faziam tropelias incríveis, e divertidíssimas porque eles se safavam sempre.

Chorar? Lembro-me de chorar com A Sereiazinha de Andersen, O Príncipe Feliz de Oscar Wilde e A Princesinha de Frances Burnett.


Como leitora, anota os livros ou prefere mantê-los intactos?

Ah, nesse campo sou mesmo muito selvagem. Anoto os livros, e a tinta!


Qual o cenário de leitura ideal? Em silêncio, no conforto da sua casa, ou num espaço público com ou sem ruído de fundo?

De preferência em silêncio e em casa. Mas tenho capacidade de concentração, posso ler num café ou noutro espaço público, mesmo com grande ruído, desde que não ultrapasse decibéis suportáveis, e não tenha nada a ver comigo.


Que livro (ou livros) tem atualmente na sua mesinha de cabeceira?

Querida Cidade, de Antônio Torres e Os Rostos que tenho, de Nélida Piñon.


Qual foi o último livro que ofereceu ou recomendou a um amigo?

Nadja, de André Breton.


E a sua última descoberta literária?

Suponho que, como para muitas outras pessoas, foi Han Kang, uma autora surpreendente.


O que gostaria que os leitores soubessem sobre o seu último livro, Autobiografia não escrita de Martha Freud?

Sobre a vida íntima de Freud a informação era escassa, e sobre Martha ninguém sabia nada, antes de ser possível ler a correspondência de ambos durante os quatro anos de noivado, de 1882 a 1886, e  publicada pela primeira vez entre 2011 e 2019. Os leitores, tal como eu antes de ler as cartas, não  precisam de nenhuma informação prévia. O essencial é a capacidade de interpretar o que cada um deles partilhou sem filtro, e a responsabilidade de ambos pelo que deixaram escrito.

Pretendi dar ao leitor essa oportunidade, e foi por isso que escrevi o livro.

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