Nélida Piñon
Biografia
Nascida no Rio de Janeiro em 1937, numa família originária da Galiza, formou-se em Jornalismo em 1956 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora catedrática da Universidade de Miami desde 1990 e doutor honoris causa das universidades de Santiago de Compostela, Rutgers e Montreal, entre outras, foi a primeira mulher a presidir à Academia Brasileira de Letras em 1996. Em 2004 tornou-se membro da Academia das Ciências de Lisboa. A sua extensa produção literária, traduzida em diversas línguas, foi distinguida com numerosos galardões, entre os quais o Prémio Walmap (1969); o Prémio Mário de Andrade (1972); o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe (1995); o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prémio Ficção Pen Clube (ambos em 1985); o Prémio Iberoamericano de Narrativa Jorge Isaacs (2001); o Prémio Rosalía de Castro (2002); o Prémio Internacional Menéndez Pelayo (2003); o Prémio Jabuti para o melhor romance (2005) por Vozes do Deserto; e o Prémio Literário Casa de las Americas (2010) por Aprendiz de Homero. Em 2005 recebeu o importante Prémio Príncipe de Astúrias das Letras pelo conjunto da sua obra, o primeiro escritor de língua portuguesa a consegui-lo. Em 2015, recebeu o Prémio El Ojo Crítico Iberoamericano, concedido pela Rádio Nacional de Espanha.
Nélida Piñon faleceu em Lisboa em 2022.
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A Casa da Paixão
«Quando, em 1972, Nélida Piñon publicou A Casa da Paixão, a ditadura militar torturava o Brasil há oito. Toda a escrita é transgressão, aventura nas escarpas da liberdade, coragem de encarar os abismos da existência humana - ou então, não vale a pena escrever. Nélida teve sempre com a palavra essa relação de intransigente honestidade e valentia que caracteriza o escritor autêntico. Que um livro tão livre tenha sido escrito num país sufocado por um regime de terror, e escrito por uma narradora opiparamente omnisciente, com suficiente autoconfiança para dispensar toda e qualquer certeza, não é acontecimento de somenos. Um romance destemidamente erótico e sem biombos sentimentais. Um romance que faz da língua portuguesa uma experiência libidinosa. Um romance que pega no registo da narrativa clássica - introdução, desenvolvimento e clímax - para o fazer explodir, e, explodindo, recomeçar a pensar.»
Do prefácio de Inês Pedrosa
Do prefácio de Inês Pedrosa