De Coração — Revista Somos Livros (Natal 2023)

Por: Elísio Borges Maia a 2023-11-10 // Coordenação Editorial: Elísio Borges Maia

Luís Osório

Luís Osório

Luís Osório (1971) tem onze livros publicados, o mais recente dos quais A Última Lição de Manuel Sobrinho Simões (Contraponto, 2024). É cronista diário na Antena 1, onde assina o Postal do Dia. Escreve todos os dias nas redes sociais, onde tem muitos milhares de seguidores. Foi diretor de jornais e de uma estação de rádio. Ganhou prémios como criativo e autor de programas de televisão. É consultor político e empresarial. A partir do livro Ficheiros Secretos – Histórias Nunca Contadas da Política e da Sociedade Portuguesas, que transpôs para palco com um monólogo de grande sucesso, percorreu o país e esgotou salas emblemáticas, como o Teatro Tivoli, em Lisboa, e a Casa da Música, no Porto. É pai do André, do Miguel, do Afonso e da Benedita.

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Isabela Figueiredo

Isabela Figueiredo

Isabela Figueiredo Nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, hoje Maputo, em 1963, filha de portugueses oriundos da zona Centro-Oeste de Portugal. Após a independência de Moçambique, em 1975, rumou a Portugal. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Especializou-se em Estudos sobre as Mulheres na Universidade Aberta. Trabalhou como jornalista no Diário de Notícias entre 1988 e 1994, onde foi também coordenadora do suplemento DN Jovem. Foi professora de português no ensino secundário. Escreveu Conto É Como Quem Diz, novela que recebeu o primeiro prémio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias, Caderno de Memórias Coloniais, cuja edição francesa foi finalista do Prémio Femina Estrangeiro, e A Gorda, obra que recebeu o Prémio Literário Urbano Tavares Rodrigues. Estas duas obras alcançaram grande êxito junto do público e da crítica, especialmente em Portugal e no Brasil, sendo constantemente reimpressas. Escreve regularmente para o seu blogue Novo Mundo (http://novomundoperfeito.blogspot.com).

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Shehan Karunatilaka

Shehan Karunatilaka

Shehan Karunatilaka é o autor premiado de Chinaman: The Legend of Pradeep Mathew, vencedor dos prémios Commonweath Prize, Gratiaen Prize e DSC Prize for South Asian Literature. As Sete Luas de Maali Almeida é o seu segundo romance, que conquistou o meio literário. Vencedor do prestigiado Booker Prize de 2022, foi ainda eleito Romance do Ano pelos principais meios de comunicação internacionais. Os direitos de tradução foram vendidos para 30 países.

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Fernando Pinto do Amaral

Fernando Pinto do Amaral

Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa, em 1960. Frequentou a Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso, vindo a licenciar-se em Línguas e Literaturas Modernas, concluindo o Mestrado e o Doutoramento em Literatura Portuguesa. Professor da Faculdade de Letras de Lisboa, foi Comissário do Plano Nacional de Leitura entre 2009 e 2017.
Publicou doze livros de poesia, três volumes de ensaio e traduziu poemas de Baudelaire, Verlaine, Jorge Luis Borges e Gabriela Mistral. Prefaciou edições de poesia de Camões, Bocage, Antero de Quental, Cesário Verde, Ruy Cinatti, Tomaz Kim e Luís Miguel Nava, entre outros.
Integra, desde 1996, o Conselho Editorial da revista Relâmpago. Foi comissário da exposição 100 Livros do Século (CCB, 1998), tendo igualmente comissariado as presenças portuguesas na Feira do Livro de Frankfurt em 1998 e 1999, bem como no Salão do Livro de Genebra em 2001 e na LIBER – Feira do Livro de Barcelona em 2002. Publicou ainda o álbum 100 Livros Portugueses do Século XX (Instituto Camões, 2002), três livros para crianças, o volume de contos Área de Serviço e Outras Histórias de Amor (2006) e o romance O Segredo de Leonardo Volpi (2009). O seu «Fado da Saudade», cantado por Carlos do Carmo, recebeu em Espanha o Prémio Goya para melhor canção original em 2008.

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Isabel Rio Novo

Isabel Rio Novo

Isabel Rio Novo nasceu no Porto, onde se doutorou em Literatura Comparada. Leciona Escrita Criativa e outras disciplinas no âmbito da literatura, cinema e outras artes, sendo autora de diversas publicações académicas nessas áreas. Enquanto ficcionista, é autora da narrativa fantástica O Diabo Tranquilo (2004), a partir de poemas de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, da novela A Caridade (2005, Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes), do livro de contos Histórias com Santos (2014) e dos romances Rio do Esquecimento (2016, finalista do Prémio LeYa e semifinalista do Prémio Oceanos), A Febre das Almas Sensíveis (2018, finalista do Prémio LeYa) e Rua de Paris em Dia de Chuva (2020, finalista do Prémio Europeu de Literatura e do Prémio de Narrativa do PEN Clube). Em 2019, publicou O Poço e a Estrada, uma biografia de Agustina Bessa-Luís.

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Últimos artigos publicados

As famílias podem crescer — Revista Somos Livros — Natal 2024

Quase a terminar um ano que continua a desafiar a premissa da racionalidade humana, voltamos a nossa atenção para os animais. Especialmente aqueles que se habituaram a estar perto de nós, humanos, mesmo quando desmentimos essa promessa de humanidade. Toleram pacientemente os nossos defeitos, enchem de alegria as nossas famílias, são amigos inseparáveis das crianças e a companhia dos mais idosos. 

Revista Somos Livros Infantojuvenil — Natal 2024

Ho, Ho, Ho! Já estás a contar os dias até ao Natal? Os teus amiguinhos do Clube Bertrand Infantil estiveram atarefados a preparar mais uma revista cheia de desafi os, aventuras e magia natalícia e, desta vez, é dedicada àqueles que tornam mais mágicos todos os nossos dias. Se pensaste em “família” ou “amigos”, não estás totalmente errado. São grandes amigos e já são até parte oficial da família, mas o amor que nos dão é verdadeiramente único. São os animais de estimação! 

Revista Somos Livros Infantojuvenil — Verão 2024

Olá, amiguinho/a! Tiveste saudades dos teus amiguinhos do Clube Bertrand Infantil? A melhor época do ano está de volta e, com ela, uma nova edição da tua revista da livraria mais antiga do mundo. Neste verão, celebramos aqueles que conseguem tornar até os nossos dias mais cinzentos num dia de sol: os amigos! Além disso, e como sempre, trazemos-te os melhores livros e as atividades mais divertidas para aproveitares as tuas férias ao máximo. 

"O primeiro olhar foi uma deceção e até 
uma espécie de raiva amarga: aquele 
livro roubado, correndo um enorme risco, 
guardado com uma expectativa tão ardente 
era nada mais nada menos que um livro 
de exercícios de xadrez, uma coleção de 
partidas de mestres.
Se não estivesse encarcerado, fechado,
tê-lo-ia deitado pela janela fora no momento 
inicial de cólera, caso contrário o que deveria 
ou poderia eu fazer com este disparate?”

Stefan Zweig, Novela de Xadrez, Assírio & Alvim, 2023

Na primeira conversa que tivemos sobre o tema da revista de Natal aconteceu algo inédito: todos queríamos falar da memória. Não era inteiramente inesperado. A memória esteve presente em muitas edições desta revista. A memória habita mesmo o seu nome — que é também assinatura — Somos Livros. Na polissemia deste nome cabe a imanência dos livros que somos: os que os pais nos leram, os que lemos na escola, os que revelaram o que era omitido na escola, os que formaram a nossa consciência política, os que vieram nos laços da amizade ou pelas veias do amor, os que nos transformaram profundamente. 

Cada um de nós tinha as suas razões para falar da memória e isso era o primeiro sinal da ousadia da escolha: falar da perda da memória ou simplesmente da perda; da biologia da memória; da relação entre memória e literatura; do papel da memória no que somos. Era impossível cingir este objeto imenso, mas podíamos conciliar as diferentes propostas. A ausência forçada de um de nós — a quem dedico estas páginas, de coração — não nos demoveu desse propósito. 

Trazemos entrevistas a Isabela Figueiredo — vencedora da primeira edição do Prémio Bertrand para Autores Lusófonos, atribuído pelos livreiros Bertrand — e a Shehan Karunatilaka, o autor cingalês que venceu o Booker Prize 2022, e textos maravilhosos de Paulo Gama Mota (A memória), Luís Osório (Se me encontrares dás-me um abraço?), Isabel Rio Novo (Memória, Viagem, Escrita) e Fernando Pinto do Amaral (O enigma de Natália). Deixei para o fim o que poderia estar no princípio — a entrevista a Sara Carinhas. O espetáculo Última Memória — que escreveu, encenou e interpretou — pôs um ponto de exclamação onde permaneciam algumas reticências. Com o medo de esquecer, como ponto de partida, primeiras memórias que trazem algo novo a cada representação e a fotografia como uma bússola que nem sempre indica o Norte, Última Memória é sobre a vida inteira: a memória, a perda, a transformação pelos livros, pelo cruzamento com outros olhares e formas de pensar, o lugar de fala, a tolerância, e, claro, o amor.

As memórias podem ser boas ou más. Inofensivas ou poderosas: um antídoto para o veneno da impunidade, uma vacina contra a repetição da história, que sabemos não totalmente eficaz — a guerra que decorre na Faixa de Gaza também vitimou essa esperança. Podem ainda ser íntimas, pessoais. A arte tem espaço para estas memórias. Última Memória dá-nos a conhecer a avó Nazaré e não foge a essa intimidade. Como By Heart, de Tiago Rodrigues, nos apresentou, uma década antes, a avó Cândida: com 93 anos, Cândida quer dedicar o tempo de visão que lhe resta a decorar um só livro e pede ao seu neto que o escolha. Vacilante, ele escreve a George Steiner, para que este o ajude. Steiner não podia estranhar o pedido — foi ele que disse: “A maior homenagem que uma pessoa pode fazer a um poema ou a um texto que ama é aprendê-lo de cor, by heart ou par coeur. Não by brain, apenas com a cabeça, mas de cor, de coração. Porque a expressão é vital.” Tiago elegeu Os Sonetos de Shakespeare. Cândida gostou: “De cada vez que os leio, encontro uma coisa nova. Os poemas não têm fim. Neste momento da minha vida, prefiro coisas sem fim.”1

É inescapável pensarmos que livro escolheríamos. Parece-me, confesso, uma decisão tão irrealizável que chego a invejar o Dr. B, em Novela de Xadrez, salvo por um livro que não escolheu e começou por repudiar. 

Um feliz Natal — que fique na memória.

 

 

1. Tiago Rodrigues, By Heart e Outras Peças Curtas, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2.ª edição, 2018.

 

Artigo publicado na Revista Somos Livros (edição Natal 2023).

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