"Sol de janeiro", de João Luís Barreto Guimarães
Por: Bertrand Livreiros a 2021-02-11 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Embora dedique a rotina dos seus dias à prática da medicina, é nas horas vagas que João Luís Barreto Guimarães se distingue como tradutor e poeta. Nascido no Porto em 1967, publicou o seu primeiro livro de poemas em 1989 (Há violinos na tribo), tendo já dezenas de livros publicados atualmente. Para além de ter recebido o Prémio Criatividade Nações Unidas em 1992, e o Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, foi ainda o vencedor do Prémio Livro de Poesia do Ano Bertrand 2018 com o livro Nómada - a escolha dos nossos livreiros e leitores.
Recentemente, recebeu uma nova menção internacional, tendo sido o primeiro autor não americano a ser reconhecido com o prémio Willow Run Poetry Book Award, pelo livro Mediterrâneo. Partilhamos consigo Sol de janeiro, um poema da sua autoria, incluído no livro Rés-do-chão.
Sol de janeiro, de João Luís Barreto Guimarães
Nunca tanto como hoje reparei com atenção
na
luz do sol de Janeiro. Forte
mas delicada. Furtiva
mas
demorada. Não arde nem faz tremer.
Não é densa nem clara. A
luz
do sol em Janeiro:
assim é o nosso amor
oculto pela tinta dos dias apenas
espreita uma aberta
(uma distracção das nuvens)
para
luzir e irromper
(nunca antes como hoje precisei)
tanto que o vento lhe desse oportunidade).
O nosso amor
é Janeiro:
mesmo se o julgo esquecido
sei que
está sempre lá.