Verão 2017: o que vão ler cinco escritores portugueses
Por: Bertrand Livreiros a 2017-07-13 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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O verão já chegou e convida a leituras mais profundas que a agitação dos dias de trabalho não permite. Cinco escritores portugueses partilham connosco o que vão ler este verão.
Serão os escritores muito diferentes dos leitores nas suas escolhas literárias? Há um livro especial para ler nas férias? Não, pelo menos no inquérito que fizemos a alguns dos mais prestigiados autores portugueses, não existem coincidências.
Para matraquear o espírito, e não lhe dar descanso, levo dois livros de Harold Bloom para reler com lápis e caderninho ao lado: O Cânone Ocidental e Génio. Tenho ainda para quase terminar um livro de Stephen Greenblatt (de quem Bloom não gosta muito) sobre a descoberta da obra de Lucrécio no século XV, A Grande Mudança. Só li os quatro primeiros capítulos de um livro de Tom Nichols, The Death of the Expertise, da Oxford, e vai na bagagem para completar (é um livro sobre a incultura contemporânea, a ameaça das «redes sociais», o horror ao conhecimento e o período da «pós-verdade»).
E levo todo o terceiro volume da Bíblia (o primeiro do «Antigo Testamento») traduzido por Frederico Lourenço, um prodígio, que há de sair na Quetzal em outubro – a ideia é sobreviver incólume à sua maravilhosa tradução de Isaías, mas suponho que não vou conseguir. Finalmente, levo dois romances de espionagem, tão maus, tão maus, tão maus, que hão parecer bons à beira da água. Portanto, nada de ficção bem comportada.
Não vou ter férias tão cedo, mas logo que consiga encaixar algures uma leitura não de trabalho quero ler o novo romance de Arundhati Roy, O ministério da felicidade suprema, que acaba de sair.
Este verão as minhas leituras serão de trabalho; ou seja, preciso de ler coisas que de alguma maneira se relacionam com o meu doutoramento em Estudos Artísticos. Por isso, vou ler, mais uma vez, Machado de Assis, em especial Esaú e Jacob e Dom Casmurro, e partir daqui para outras leituras. Entre elas, Vai Brasil de Alexandra Lucas Coelho, e a biografia de Lima Barreto. Se tiver tempo para desviar a rota, quero ir dar a Proust e ao que escreveu sobre ciúme. Se conseguir ler apenas porque sim, quero muito ler a correspondência entre Amado e Saramago. Adoro ler cartas.
Para as férias, vou levar alguns livros que comprei na Feira. Se conseguir ler dois destes quatro, ficarei satisfeito: Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, A Sonata de Kreutzer, de Lev Tolstói, Cândido ou o Otimismo, de Voltaire e Judeus Errantes, de Joseph Roth
Esta lista mistura livros que já li com outros que tenciono ler muito em breve.
– Contos Musicais, W.H. Wackenroder, H. Kleist e E.T.A. Hoffmann, Antígona.
– Ao Largo da Vida, Rainer Maria Rilke, Ítaca
– O Norte e outros contos, Evgueni Zamiatine, Antígona
– Carpe Diem, Nuvem de Françoise M., Adriana Crespo, Edições Sem Nome
– Inventário do Pó, Joana Bértholo, Caminho.
Publicado na Revista ‘Somos Livros’, nr. 16, julho de 2017.