"Uma ida ao motel e outras histórias" | Palavras adultas de engano e redenção

Por: Marisa Sousa a 2021-05-27

Bruno Vieira Amaral

Bruno Vieira Amaral

Bruno Vieira Amaral (Lisboa, 1978), além de romancista e crítico, colabora na revista Ler e no Expresso e é jornalista na Rádio Observador. O seu primeiro romance, As Primeiras Coisas, foi distinguido com os prémios P.E.N., Fernando Namora, Time Out e José Saramago. Em 2016, foi nomeado uma das Dez Novas Vozes da Europa (Ten New Voices from Europe). O seu segundo romance, Hoje Estarás Comigo no Paraíso (2017), recebeu o prémio Tabula Rasa e o segundo lugar do Prémio Oceanos. Em 2018, foram reunidos os seus melhores textos dispersos no volume Manobras de Guerrilha e, em 2020, os contos de Uma Ida ao Motel receberam o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. Seguiu-se O Segundo Coração, de 2022. A sua obra está traduzida em muitos países e em várias línguas.

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Uma Ida ao Motel e outras histórias, de Bruno Vieira Amaral, uma coletânea dos contos anteriormente publicados no Expresso Diário, é para gente grande. Aponta-nos a vida com um letreiro néon onde algumas letras teimam em não acender. Conduz-nos pela mão pelas arestas disto que é ser-se adulto, não deixando de nos soprar ao ouvido os acordes do paraíso perdido da infância. Acabou de valer ao autor o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, no valor pecuniário de 7500 euros, atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE).


Entramos, sem aviso prévio, nas vidas de pessoas como nós, que tantas vezes, veem a narrativa dos dias em contramão. O cenário é uma Lisboa que, mudando-se-lhe o nome e a maquilhagem, poderia ser qualquer outra cidade. Rosário, Marina, Teresa, Virgínia. Os nomes pouco importam quando a música que dançam é a mesma: a fome de felicidade marca branca, anunciada nas revistas em letras gordas; os dias que marcam passo ao ritmo do tédio.
 

"O passado era-lhe mais familiar que o filho, o marido, a casa, essas vilas de um país estrangeiro."  Bruno Vieira Amaral


Aparício, Pedro, Mané, Ludmila. Os nomes pouco importam quando lhes vemos o rosto a espreitar na prosa aguçada. As famílias desfeitas a fingir promessas, a pilha de roupa à espera, o estranho no chat a despertar vontades fora do calendário de um casamento. Está tudo lá. Paula, Júlia, Madalena, Otávio, Joaquim, Eugénia. O passado a gritar pelas brechas dos dias remendados, os ténis gastos, a lancheira com o almoço, a pobreza cansada e envergonhada.


Uma comunidade feita de pessoas-ilha. Queixumes agrilhoados em empregos detestados, a rotina que mói a conta-gotas, o cansaço crónico, o telemóvel, o perfil, os gostos. A felicidade que cresce, frondosa, do cultivo de inimizades. A indignação como religião. O sexo, a culpa, a fúria e a frustração. Prédios recheados de culpados e mártires, vítimas e santos. Ódios de trazer por casa como pijamas de flanela gastos. O álcool e os comprimidos, algodão-doce a curar as dores de crescimentodos adultos. A perda da inocência e as ilusões que aquecemos em banho-maria, embalados pelas estatísticas no telejornal. A vida fora dos trilhos. Os nomes pouco importam. No fim, engole-se um pedaço de fé e continuamos caminho. “Tudo se resolve. Tudo se resolve.”

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