Feira do Livro, Frankfurt, Saramago regressa ao pavilhão português e enfrenta uma multidão de jornalistas. Há brindes, muitas fotografias e colaboradores do pavilhão português em cima de cadeiras, com uma rosa na mão.
‘Aceitem como vosso um prémio que tem que ser entregue a uma pessoa que o encara como pertencendo a todos’ , declara. Era um prémio também para Portugal, num dia em que, nas suas próprias palavras: ‘os portugueses cresceram três centímetros – todos nós nos sentimos mais altos, mais fortes, mais formosos até .’
Depois do anúncio, os nove metros quadrados do stand da Editorial Caminho foram pequenos para acolher todos os que queriam conhecer o Nobel da Literatura. Todos os nomes eram válidos para satisfazer a curiosidade do mundo: “Samarado” “Saranago” ou “Siromago”. O The New York Times esclareceu os seus leitores: “It’s pronounced Saw-ra-maw-go” .
Os meses seguintes foram alucinantes. Choveram solicitações para eventos e felicitações de todo o mundo. A onda de euforia não era, contudo, extensível a todos: o Vaticano, por exemplo, apelidou Saramago de “inveterado comunista”; e o poeta polaco, também detentor de um Nobel, Czeslaw Milosz , declarou: “Confesso que não o suporto” . Alheias a isso, as vendas das obras do escritor disparam.