A aldeia de Azinhaga, no concelho da Golegã, viu o menino José nascer em 1922. Passados dois anos, mudou-se com a família para Lisboa. Teve uma infância pobre. No discurso pronunciado perante a Academia Sueca, a 7 de dezembro de 1998, no entanto, recordava-se com carinho da terra que o trouxe ao mundo, no monte dos avós maternos, onde andou sempre descalço até aos 14 anos de idade. Na biografia escrita por Joaquim Vieira , José Saramago – Rota de Vida , descrevem-se os anos em que o escritor chegou a comer sopa do mesmo prato da mãe, tendo recorrido, muitas vezes, à sopa dos pobres (via Visão ).
Formou-se como serralheiro mecânico e o seu primeiro emprego, entre os 17 e os 18 anos, foi numa oficina de automóveis. À noite, frequentava a biblioteca municipal, no Palácio das Galveias: “Lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre.” (via Fundação José Saramago ). O primeiro livro que recebeu veio das mãos da mãe: A Toutinegra do Moinho , de Émile de Richebourg . No entanto, Saramago só conheceria a sua primeira estante de livros por volta dos 19, numa prateleira interior do guarda-louça.
Em 1955, começou a colaborar com a editora Estúdios de Cor. Surgiram as primeiras traduções de autores como Colette , Tolstoi , Baudelaire e Hegel . A partir daqui, nunca mais parou. Vieram Os Poemas Possíveis (1966), Provavelmente Alegria (1970), A Bagagem do Viajante (1973). Até 1975, altura em que fica desempregado e decide dedicar-se à escrita a tempo inteiro.