Natália Correia, a mulher que era muitas

Por: Sofia Costa Lima a 2019-09-13 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa

Natália Correia

Natália Correia

Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, São Miguel, Açores, a 13 de setembro de 1923. Poetisa, ficcionista, contista, dramaturga, ensaísta, editora, jornalista, cooperativista, deputada à Assembleia da República (primeiro pelo PSD, depois como independente pelo PRD), foi uma das vozes mais proeminentes da literatura e da cultura portuguesas na segunda metade do século xx, tendo resistido energicamente ao Estado Novo e aos radicalismos do pós-25 de Abril. Ecuménica e eclética, filantropa e idealista, anteviu um novo tempo, que garantisse a paz, a dignidade humana, a justiça social e o direito à diferença como raízes indeléveis da democracia. Morreu em Lisboa, a 16 de março de 1993.

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“Sou da ilha das línguas de fogo.

Com elas aprendi a metrificar o espírito.” 

 

Foi poetisa, dramaturga, ensaísta, jornalista e  deputada da Assembleia da República. Acima de tudo, Natália Correia foi uma mulher que queria debater ideias e lutar por aquilo em que acreditava.

Marcou a cultura nacional de uma forma inigualável. Nem depois de ter sido condenada a 3 anos de pena suspensa, por ter escrito um livro considerado polémico, Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e SatíricaNatália se deixou calar. A censura, aliás, nunca a assustou.

 


 

A influência feminina que a moldou

Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, em Ponta Delgada. A estadia na ilha de São Miguel não foi longa, mas foi marcante. Natália nunca esqueceu os Açores e sentia-se ligada ao arquipélago de uma forma quase sublime, visceral. A letra do hino dos Açores é, aliás, da sua autoria.

Com 11 anos, viu-se obrigada a partir para o continente. O pai foi para o Brasil; ela, a mãe e a irmã seguiram para Lisboa. A relação próxima com a mãe, mas também com as avós e tias, permitiu-lhe desde cedo ter uma consciência diferente sobre o poder da mulher.

Sem medo de arriscar, Natália era considerada, por quem a conheceu, uma mulher extremamente inteligente e perspicaz. Em Lisboa, já depois de concluídos os estudos, envolveu-se em vários movimentos de oposição ao Estado Novo, como o MUD (Movimento de Unidade Democrática) e a CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática). Apoiou, ainda, as candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958).

 

Os problemas com a PIDE e as idas a tribunal

Durante as décadas de 1950 e 1960, Natália Correia  recebia várias personalidades da cultura portuguesa em sua casa. Estas reuniões serviam, quase sempre, para criticar o Estado Novo.

A sua posição em relação ao regime era de tal forma conhecida que a PIDE apreendeu vários dos seus livros. O caso mais notável aconteceu com Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, um trabalho de seleção, anotações e prefácio inteiramente da responsabilidade de Natália Correia. O livro foi proibido por ter sido considerado ofensivo e imoral. O caso chegou a tribunal e Natália foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa.

Mais tarde, foi a responsável editorial de  Novas Cartas Portuguesasda autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. O caso das três Marias, como ficou conhecido, foi um marco na história portuguesa da causa feminista. As autoras foram levadas a tribunal e o caso ganhou contornos internacionais, com manifestações a favor das autoras. O julgamento começou em outubro de 1973, e só terminaria depois da Revolução do 25 de abril de 1974, acabando as autoras por ser absolvidas.

 

 

O botequim, as tertúlias e a política

A intervenção social de  Natália Correia  não se ficava pela escrita. Em 1971, fundou o bar Botequim, que acabaria por se tornar, desde logo, um local onde se reuniam  intelectuais e figuras públicas. Nos anos que se seguiram, Natália promoveu frequentemente conversas sobre temas que considerava relevantes para a sociedade portuguesa.

Dona de uma capacidade única para expor as suas ideias e opiniões, foi eleita deputada em 1979, pelo PPD, partido de Sá Carneiro,  de quem era amiga. Cumpriu o mandato, de 1980 a 1983, e depois abandonou o partido. Havia de regressar à Assembleia da República como independente, para um mandato entre 1987 e 1991.

 

Um universo gigante dentro dela

Natália Correia nunca se absteve de fazer referências feministas importantes nas suas intervenções públicas, privadas e até na sua obra. Defendia o papel que considerava que a mulher devia ter na sociedade e na sua emancipação.

Em 1981, recebeu a medalha de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Dez anos depois, em 1991, venceu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e foi distinguida Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, que distingue personalidades por serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização.

Morreu inesperada e precocemente em março de 1993. A sua morte deixou o panorama cultural e intelectual português mais pobre.

Em 2018, a sua vida, juntamente com as histórias de Snu Abecassis e Vera Lagoa, pseudónimo de Maria Armanda Falcão, deu lugar a uma série de 13 episódios, realizada por Fernando Vendrell e exibida na RTP, com Soraia Chaves a interpretar Natália Correia.

Enquanto promovia a série, Soraia Chaves disse ao jornal O Sol que Natália Correia “não era uma só mulher, era muitas mulheres, tinha um universo gigante dentro dela”. E esta talvez seja, de facto, a melhor forma de a definir. Só assim poderá explicar-se a sua relevância e o seu papel.

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