Sobre o livro
Em 1950, aos 26 anos, Natália Correia visitou os Estados Unidos. Terra de fascínio e oportunidade para muitos emigrantes, o colosso americano é retratado neste livro, nos seus sucessos e contradições, com a penetrante lucidez da autora, já então capaz de intercalar diferentes registos de escrita com uma mestria prodigiosa.
Impressões de viagem, mas também diário, ensaio e até poesia convergem neste testemunho envolvente, de uma atualidade desconcertante, de quem partiu à descoberta do América e acabou por (re)descobrir as próprias raízes europeias.
Transcrito a partir do exemplar da primeira edição (1951) da biblioteca pessoal de Nátália, o texto agora apresentado reflete as alterações e acrescentos por si introduzidos nesta obra de juventude, com vista a uma reedição que nunca chegou a supervisionar - e que surge agora, devidamente contextualizada, num volume enriquecido com material inédito, por ocasião dos 25 anos da morte da escritora açoriana.
Presente, vigorosa, política e desempoeirada Natália Correia é uma das figuras mais interessantes do século XX. Neste livro que retrata a sua viagem aos Estados Unidos, numa era de ouro, somos levados a reflectir sobre nós e o que na realidade somos. A verdade, que este livro nos transmite, é que só nos conhecemos em plenitude quando nos deparamos, realmente, com a diferença.
Mais do que uma narrativa da sua viagem pela América, esta é uma história de auto-descoberta. É o testemunho vivo de uma mulher que, no seio de uma cultura diferente, ganha consciência de si própria e da sua singularidade. É, em última análise, a confirmação da velha máxima de que, no momento em que descobrimos o ‘outro’, descobrimo-nos a nós mesmos e adquirimos consciência da nossa identidade e das nossas raízes.