Quatro livros para descomplicar o Orçamento do Estado
Por: Marta Ribeiro a 2023-10-30 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Segundo um inquérito feito este ano para a Comissão Europeia, os portugueses são dos que menos entendem na União Europeia como funciona a inflação — apenas 55% responderam corretamente a uma pergunta básica sobre o tema. A literacia financeira dos portugueses já viu piores dias, mas continua aquém da maior parte dos países da UE. É frequente uma pessoa sem formação específica nesta área não ter conhecimentos básicos sobre economia e finanças, por exemplo — as consequências são vastas. As últimas semanas têm sido preenchidas com notícias e opiniões sobre o Orçamento do Estado para 2024, mas pode ser complicado compreender alguns conceitos que vão afetar o dia-a-dia no ano que se avizinha.
Inicia-se hoje no parlamento o primeiro de dois dias de debate, na generalidade, da proposta do Orçamento do Estado para 2024. A votação na generalidade está prevista para amanhã e tem aprovação garantida da maioria absoluta socialista e votos contra do PCP, BE, IL, PSD e Chega. Sugerimos quatro livros para descomplicar o Orçamento do Estado e ajudar a compreender os próximos dias.
O Orçamento e a Conta Geral do Estado, de António Ribeiro Gameiro, Nuno Moita da Costa e Belmiro Moita da Costa
Esta obra expõe os conceitos, as regras e princípios da gestão orçamental pública, à luz das regras financeiras europeias assentes no Tratado Orçamental e no Pacto de Estabilidade e demais legislação financeira europeia. Assim, analisa os fundamentos da intervenção do Estado na Economia, detalhando as suas receitas e despesas publicas numa perspetiva macroeconómica.
Manual de Economia Política, de Francisco Louçã e Mariana Mortágua
A ciência económica está a viver uma mutação, desafiando as tradicionais teorias sobre o equilíbrio dos mercados, que imaginam uma sociedade artificial e reduzem a racionalidade à maximização das vantagens individuais, e substituindo-as por análises de processos dinâmicos em economias reais marcadas por desigualdades de poder. A transformação da ciência resulta também da sua obrigação de compreender novas (e velhas) questões, como as crises, a economia do clima, as transformações do trabalho, o reforço do rentismo financeiro e o papel das instituições e, nomeadamente, das novas redes de comunicação.
Este manual estuda essas dimensões da vida social e, para isso, recupera a ciência como ela foi criada pelos economistas clássicos, de Adam Smith a Marx, e depois transformada pelas correntes críticas do século XX e XXI, de Keynes a Stiglitz, Nelson, Piketty e tantas outras vozes. Lendo este pluralismo, o Manual de Economia Política percorre as principais contribuições para a compreensão do nosso mundo e para a decisão económica.
Portugal e o Mundo numa Encuzilhada, de António Costa Silva
Dos recursos naturais ao clima, à tecnologia e à geoestratégia, uma visão inspiradora para o futuro de Portugal.
Para onde vamos no século XXI? Quais as tendências que estão a formatar a evolução da geopolítica, da economia, da luta contra a ameaça climática, dos riscos e crises que nos assolam? Porque é que não temos sido capazes de responder à altura? Qual o motivo para não conseguirmos evitar que milhões de pessoas passem por um sofrimento indizível cada vez que um acontecimento imprevisto paralisa o funcionamento das nossas sociedades? Porque é que não nos preparamos? E Portugal? O que podemos nós fazer por este país? Que problemas e desafios temos de superar na próxima década?
Portugal e o Mundo numa Encruzilhada analisa estas e outras questões e procura obter respostas. Mas muitas vezes essas respostas suscitam novas perguntas. Nunca devemos deixar de perguntar. O espanto, como escreveu Platão, é o motor do conhecimento. Este é um livro urgente e essencial, que nos convoca a refletir, a envolvermo-nos e a fazermos parte da mudança necessária.
A Economia das Coisas, de Paulo Pinto
O autor deste livro reprovou à disciplina de Economia no primeiro ano de Faculdade, no curso de Ciências da Comunicação. Hoje, porém, é jornalista especializado em economia, tem uma pós-graduação em Investimento e Mercados Financeiros e um mestrado em Economia e Políticas Públicas. O que terá motivado tamanha reviravolta nos interesses de Paulo Pinto? Que visão distinta da Economia tê-lo-á motivado? Provavelmente, o mesmo que o poderá entusiasmar a si e que pode encontrar neste livro.
Em A Economia das Coisas, Paulo Pinto apresenta ideias e conceitos económicos presentes no dia-a-dia e explica-os de forma simples, através de pequenas histórias e curiosidades.
Sabe o que é que uma vaga de frio pode fazer ao preço dos ingredientes da sua sopa? Que em Inglaterra já houve um imposto sobre as janelas como exemplo de equidade fiscal? E que esse imposto causou centenas de mortes? E ainda que, hoje, nesse mesmo país, o estado recorre à psicologia para incentivar os contribuintes a pagarem os seus impostos? Ou que a invenção dos contentores é considerada mais importante do que muitos tratados internacionais? Que há uma teoria económica chamada Teoria dos Jogos, que tem aplicação tanto na crise dos mísseis de Cuba como no atravessar da Ponte 25 de Abril?
Através destas e de outras histórias, Paulo Pinto ensina Economia mesmo a quem não percebia nada de Economia.