Ler para Viver | 5 sugestões da biblioterapeuta Sandra Barão Nobre para melhorar a sua vida
Por: Beatriz Sertório a 2024-04-23
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Neste Dia Mundial do Livro, lembramos a capacidade única dos livros e da literatura de salvar; o minuto, uma vida, o mundo. Foi o poeta e romancista James Baldwin quem afirmou: “Pensamos que a nossa dor e o nosso desgosto não conhecem precedentes na História do mundo, mas depois lemos.” Talvez seja por isso que a biblioterapia, que Clarice Caldin define como “o cuidado com o desenvolvimento do ser mediante a leitura, narração ou dramatização de histórias” tem vindo a conquistar cada vez mais praticantes. Afinal, "as coisas que mais nos atormentam, são as mesmas que nos fazem sentir ligados a todas as pessoas que já viveram".
No livro Ler para Viver, a biblioterapeuta Sandra Barão Nobre remonta às origens desta prática, explica as suas diferentes aplicações e funcionamento, e inclui ainda uma farmácia literária com mais de 200 sugestões de leitura capazes de transformar vidas. Fique com cinco sugestões neste dia tão especial para todos os que amam livros.
Para fazer face à adversidade
Capitães da Areia, de Jorge Amado
O livro mais vendido de um dos autores brasileiros mais traduzidos em todo o mundo, Capitães de Areia, narra o dia-a-dia dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia. Apesar de ter sido apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo, esta história inspiradora de coragem e resiliência continua a inspirar gerações de leitores e a servir de inspiração para todos aqueles que são confrontados com adversidade na vida. Se algum dia se sentir a perder a esperança, leia ou releia este clássico da literatura brasileira.
Para melhorar o humor
Quartos de Final e Outras Histórias, de Cláudia Andrade
Por vezes, um livro não precisa de salvar a nossa vida, apenas o momento. Se procura uma história para ler naqueles dias em que tudo parece correr mal, Quartos de Final e Outras Histórias, de Cláudia Andrade, é remédio santo. Neste romance finalista do Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas e do Prémio Autores SPA, habitam uma noiva desesperada por chamar a atenção do seu noivo no dia do casamento, um homem plantado num jardim, uma prostituta de estrada que encontra a inesperada salvação numa cadela abandonada, uma moribunda indiscreta que, no leito de morte, atormenta as suas comadres; um violador de viúvas e de anjos, um poeta que procura adequar uma vida demasiado saudável à biografia que se espera dele. Visceral, irónico e carregado de pulsões, é o antídoto perfeito contra o mau humor.
Para aliviar a solidão
O velho que lia romances de amor, de Luis Sepúlveda
Quem é leitor sabe que não há melhor companhia do que a de um livro, mas alguns livros podem mesmo ajudar‑nos a sentirmo-nos menos sozinhos neste mundo. Em O velho que lia romances de amor, um dos romances mais memoráveis do chileno Luis Sepúlveda, Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis. Até que, um certo dia, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada, resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín. Esta história que conquistou o coração de milhões de leitores em todo o mundo, transformando-a num "clássico" da literatura latino-americana, é um verdadeiro bálsamo contra a solidão e o desamor.
Para superar crises de banalidade
Vita Nova, de Louise Glück
Existirá mal que não possa pelo menos ser aliviado pela poesia? Este Vita Nova de Louise Glück é considerado uma das mais significativas recolhas poéticas da Nobel da Literatura 2020. Traduzido pela poetisa Ana Luísa Amaral, dramatiza o final de uma relação e o início de uma vida nova, com uma acutilância tal que leva o leitor a abandonar as trivialidades do dia-a-dia e a conectar-se com algo superior. Para ler sem pressa, quando se sente desinspirado.
Para combater o stress
A Arte de Caminhar, de Erling Kagge
É sabido que a leitura pode ajudar a aliviar o stress, mas alguns livros são mais eficazes do que outros. Os de Erling Kagge, explorador norueguês e a primeira pessoa a ter conseguido atingir os três polos — o Polo Norte, o Polo Sul e o pico do Evereste — são um ótimo exemplo. Em A Arte de Caminhar, o autor explora a caminhada, prática que ganhou relevância nos tempos recentes, deixando de ser apenas uma atividade desportiva para se tornar uma atitude mais abrangente e rica perante a vida. Se sofre de stress, este livro pode ajudá-lo a acalmar os pensamentos intrusivos e a reencontrar-se com a sua verdadeira essência, um passo de cada vez.
Que livro vai ler hoje? Feliz Dia Mundial do Livro!