"Integrado Marginal" | O custo humano da exatidão

Por: Marisa Sousa a 2021-07-15

Bruno Vieira Amaral

Bruno Vieira Amaral

Bruno Vieira Amaral (Lisboa, 1978), além de romancista e crítico, colabora na revista Ler e no Expresso e é jornalista na Rádio Observador. O seu primeiro romance, As Primeiras Coisas, foi distinguido com os prémios P.E.N., Fernando Namora, Time Out e José Saramago. Em 2016, foi nomeado uma das Dez Novas Vozes da Europa (Ten New Voices from Europe). O seu segundo romance, Hoje Estarás Comigo no Paraíso (2017), recebeu o prémio Tabula Rasa e o segundo lugar do Prémio Oceanos. Em 2018, foram reunidos os seus melhores textos dispersos no volume Manobras de Guerrilha e, em 2020, os contos de Uma Ida ao Motel receberam o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. Seguiu-se O Segundo Coração, de 2022. A sua obra está traduzida em muitos países e em várias línguas.

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José Cardoso Pires

José Cardoso Pires

Escritor português, José Augusto Neves Cardoso Pires nasceu a 2 de outubro de 1925, no concelho de Vila de Rei, em Castelo Branco. Filho de um oficial da marinha, ainda criança muda-se com os pais para Lisboa, cidade que abraçou e amou.
Exerceu várias profissões, entre as quais, redator de uma revista feminina, Eva, em finais dos anos 40. Em 1949, publica o seu primeiro livro, "Os Caminheiros e Outros Contos", retirado de circulação pela censura. Nos princípios dos anos 50, foi detido pela PIDE depois da apreensão do seu livro de contos "Histórias de Amor".
Nos anos 60 foi membro da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1963 publica "Hóspede de Job", livro dedicado ao seu irmão, morto enquanto cumpria o serviço militar nos anos 50, e que lhe valeu o Prémio Camilo Castelo Branco em 1964; e "O Delfim" em 1968.
Em inícios dos anos 70, foi professor de Literatura Portuguesa e Brasileira em Inglaterra, no King's College da Universidade de Londres. Dois anos depois, já em Portugal, publica "Dinossauro Excelentísimo".
Já nos anos 80, publica "A Balada da Praia dos Cães", romance que lhe valeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e que foi alvo da realização de um filme, com o mesmo nome, de José Fonseca e Costa, em 1987. Neste mesmo ano publica "Alexandra Alpha", obra que mereceu o Prémio Especial da Associação de Críticos, de São Paulo, no Brasil.
Em 1995 sofreu um acidente vascular cerebral que o levou a ficar algum tempo em estado de coma. Recuperado, publica em 1997 a obra "De Porfundis, Valsa Lenta", pela qual recebeu dois prémios: Prémio D. Dinis e Prémio da Crítica, atribuído pela Associação Internacional de Críticos Literários; e "Lisboa, Livro de Bordo".
Entre os prémios já mencionados, recebeu também o Prémio Internacional União Latina (1991), o Astrolábio de Ouro do Prémio Internacional Último Novecento (1992) e o Prémio Pessoa (1997).
Em 1998 sofreu outro acidente vascular cerebral, que viria a ser a causa da sua morte a 26 de outubro, em Lisboa. Em setembro desse mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Foi autor de contos, romances, crónicas e ensaios (como em "E Agora José?", 1977) e de peças de teatro (como "O Render dos Heróis" (1960) e "O Corpo Delito na Sala de Espelhos", 1980).

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"Sei, todos nós sabemos, como pesa o tempo vencido sobre quem se aventura a recompô-lo. (…) É, considero aqui, um ofício delicado contar o tempo vencido."


— José Cardoso Pires, O Delfim

 

Bruno Vieira Amaral assumiu o ofício delicado de contar a vida do “menos nostálgico dos grandes escritores”. Integrado Marginal, que demorou três anos a apurar, é o terceiro volume da coleção de grandes biografias da cultura contemporânea, um dos mais ambiciosos projetos editoriais da Contraponto. Estas seiscentas páginas, sobre a vida e obra do “maior escritor da segunda metade do século XX”, trazem dentro um pedaço imenso de pátria e a essência de um homem que nunca desistiu dela e do ofício da escrita.

Do mergulho na vida de Cardoso Pires — o homem que tinha medo de ficar na História como “um fulano que escreve bem” —, Bruno Vieira Amaral destaca alguns dos episódios que mais o surpreenderam: a viagem marítima que aquele fez, em 1945, que acabaria por levá-lo a Moçambique e que teve uma importância extraordinária no apuramento da sua sensibilidade enquanto escritor; a relação de amizade que manteve com alguém que ele viria a descobrir ser um informador da PIDE; e “no geral, a forma como ele conseguiu manter uma independência literária e de espírito, nunca deixando de estar no centro da literatura portuguesa da época em que viveu.”

Partimos dos instantes primeiros e, com o tempo necessário que uma vida como a de Cardoso Pires exige, assistimos ao processo de construção do homem e do escritor, como se de uma escultura, que vai tomando forma diante dos nossos olhos, se tratasse. A exigência obsessiva e quase doentia do biografado sempre como linha vincada no horizonte do leitor. Os adjetivos adultos, alinhados no tempo certo: notívago, boémio, brigão, obcecado, um espírito insubmisso. Está lá tudo, para que não o esqueçamos. Os pais, a escola, a descoberta dos livros, a persistência, os ódios, o casamento, as primeiras vezes e os últimos momentos. “O que digo é que não quero ser humilhado, ficar gagá. Tenham respeito, tratem-me bem”, terá dito Cardoso Pires perto do fim. Seja feita a sua vontade. A memória é, tantas vezes, o melhor tributo.

 

”(…) nunca cultivei qualquer espírito de grupo. Quando muito, talvez nunca tenha passado em toda a minha vida de um integrado marginal ou coisa que se pareça… (…)”

José Cardoso Pires

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