Que há num nome? A história dos nomes dos animais de estimação de 15 autores

Por: Inês Rebelo a 2020-04-03 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa

Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1899, e morreu em Genebra, em 14 de junho de 1986. Em 1923, publicou o seu primeiro livro, mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961, com o Prémio Formentor, que partilhou com Beckett. A par da poesia, Borges escreveu ficção, crítica e ensaio. Foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires entre 1955 e 1973. A sua obra é como o labirinto de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica que cruza todos os saberes e os grandes temas universais.

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Maurice Sendak

Maurice Sendak

Maurice Sendak (Brooklyn, Nova Iorque, 1928 – Connecticut, 2012)
Desde 1951 concebeu mais de 90 livros infantis, uma prestigiosa trajetória que lhe valeu em 1970 o Prémio Andersen e o Prémio Laura Ingalls Wilder em 1983. Em 1996, o Governo dos Estados Unidos atribuiu-lhe a Medalha Nacional das Artes e em 2003 concederam-lhe o Prémio Internacional Astrid Lindgren de Literatura Infantil, conjuntamente com a autora austríaca Christine Nöstlinger. Estudou Pintura e Desenho no Art Students League de Nova Iorque. Conseguiu o seu primeiro emprego como ilustrador na All America Comics e em 1951 começou a trabalhar como ilustrador para a editora Harper and Brothers. Desencadeou uma autêntica revolução no panorama literário infantil pelas ideias, pela forma e pelo conteúdo dos seus livros. A crítica especializada classificava-o como "um dos homens mais influentes dos Estados Unidos, pois dar forma à fantasia de milhões de crianças é uma tremenda responsabilidade".

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Mark Twain

Mark Twain

Mark Twain (1835-1910) foi batizado como Samuel Langhorne Clemens, mas esse nome ficaria para sempre na sombra do seu pseudónimo. Filho de um advogado severo, terá sido a mãe a despertar-lhe o sentido de humor. Se não há dúvida de que a sua obra é variada, mais curioso será notar que a sua vida profissional o foi mais ainda. Twain começou por trabalhar como aprendiz de tipógrafo, em 1848, e alguns anos mais tarde já contribuía com artigos e histórias humorísticas para o jornal de um irmão. Mais velho, numa viagem pelo Mississípi a bordo de um barco a vapor, terá ficado fascinado com o trabalho do piloto, e dedicou dois anos da sua vida à aprendizagem deste ofício. Uma das muitas viagens da sua vida levou-o, algum tempo depois, a uma mina de prata no Nevada, onde tentou ser mineiro, sem grande sucesso. Em contrapartida, encontrou trabalho no jornal da zona. Foi aqui que, da pena de Samuel Clemens, então com 27 anos, nasceu Mark Twain. É autor de A Viagem dos Inocentes (Tinta-da-china, 2010) e de duas obras a que é invariavelmente associado: As Aventuras de Tom Sawyer (1876) e As Aventuras de Huckleberry Finn (1884).

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Albert Camus

Albert Camus

Albert Camus nasceu em Mondovi, na Argélia, a 7 de novembro de 1913. Licenciado em Filosofia, participou na Resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e foi então um dos fundadores do jornal de esquerda Combat. Em 1957 foi consagrado com o Prémio Nobel da Literatura pelo conjunto de uma obra que o afirmou como um dos grandes pensadores do século XX. Dos seus títulos ensaísticos destacam-se O Mito de Sísifo (1942) e O Homem Revoltado (1951); na ficção, são incontornáveis O Estrangeiro (1942), A Peste (1947) e A Queda (1956). A 4 de janeiro de 1960, Camus morreu num acidente de viação perto de Sens. Na sua mala levava inacabado o manuscrito de O Primeiro Homem, texto autobiográfico que viria a ser publicado em 1994.

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Julio Cortázar

Julio Cortázar

Escritor argentino, Julio Cortazár nasceu a 26 de agosto de 1914, em Bruxelas, na Bélgica, durante uma viagem de negócios empreendida pelos seus pais. Em 1918 a família regressou a Buenos Aires, onde Cortázar veio a estudar, obtendo, em 1935, habilitações como professor do ensino secundário pela Escuela Normal de Professores Mariano Acosta. Ingressou depois na Universidade de Buenos Aires e deu aulas nas escolas secundárias de Bolívar, de Chivilcoy e de Mendonza.
Em 1944 conseguiu uma posição como professor de Literatura Francesa na Universidade de Cuyo, em Mendonza, onde se envolveu numa manifestação contra a política populista e sindicalista de Juan Domingo Peron, pelo que foi encarcerado. Posto em liberdade pouco tempo depois, viu, no entanto, vedada a sua carreira académica. Assumiu então, e em 1946, a direção de uma editora em Buenos Aires, funções que desempenhou até 1948, altura em que completou a sua licenciatura em Direito e Línguas. Cortázar passou então a trabalhar como tradutor.
Em 1949 publicou a sua primeira obra digna de interesse, Los Reyes, um longo poema narrativo em que utilizava arquétipos como o Minotauro e o Labirinto de Creta. Em 1951, época em que o regime de Peron se estabelecia como ditadura, publicou numa revista mantida por Jorge Luis Borges, a Los Anales de Buenos Aires, a sua primeira coletânea de contos, com o título Bestiário (1951).
Nesse mesmo ano, e em resultado das perseguições que lhe foram movidas, o autor optou pelo exílio, mudando para Paris, cidade que não mais abandonaria. A partir de 1952 passou a trabalhar para a UNESCO como tradutor independente.
Continuou a publicar coletâneas de contos, como Final de Juego (1956), Las Armas Secretas (1959), obra que viria a ser adaptada para cinema pelo realizador italiano Michelangelo Antonioni, com o título Blow Up, em 1966. Em 1960 consagrou-se também como romancista, com o aparecimento de Los Premios, obra em que contava o rumo de um grupo de pessoas que ganham como prémio de lotaria um cruzeiro-surpresa. O seu romance mais conhecido, Rayuela, seria publicado em 1963. A obra, original e imaginativa, influenciou significativamente a literatura da América Latina.
Em 1973 empreendeu uma longa viagem pela América do Sul, visitando países como o Peru, o Equador, o Chile e a Argentina, como investigador das violações dos direitos humanos no continente, apoiando, com os ganhos resultantes da venda das suas obras, os Sandinistas e as famílias de prisioneiros políticos.
Em 1975 lecionou, como professor convidado, nas Universidades de Oklahoma e do Barnard College de Nova Iorque. Em 1981 tomou a nacionalidade francesa e, dois anos depois, foi-lhe autorizado visitar de novo a Argentina.
Faleceu a 12 de fevereiro de 1984, em Paris. Embora seja geralmente aceite como causa da sua morte uma leucemia, existe também a opinião de que o autor tenha sido vítima de SIDA, nesse tempo ainda não diagnosticável.

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Téa Obreht

Téa Obreht

Téa Obreht nasceu em 1985 na ex-juguslávia, mas vive presentemente nos Estados Unidos. Os seus escritos foram publicados no The New Yorker, The Atlantic, The New York Times e The Guardian. Foi considerada pela The New Yorker umas das melhores escritoras norte-americanas com menos de 40 anos. A Mulher do Tigre tem suscitado uma aclamação unânime e entusiástica por parte da crítica, do público e de outros escritores em todo o mundo.

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Herman Melville

Herman Melville

Herman Melville (1819-1891) foi um dos mais importantes romancistas da literatura norte-americana; foi também contista, ensaísta e poeta, com mais de 30 obras publicadas. Melville, cujo nome qualquer leitor reconhece de «Moby Dick», a história da perseguição à grande baleia branca, nasceu no seio de uma família de grande prestígio, mas com grandes dificuldades económicas, que os pais esconderam a Herman e aos seus sete irmãos. O pai sofria de desequilíbrios emocionais graves e havia na família divergências religiosas. Herman e os irmãos acompanharam os pais para várias cidades americanas sempre que estes tentavam refazer a sua vida, e a sua educação foi feita em diversas escolas. Teve vários trabalhos em escritórios e lojas, e de 1839 a 1844 foi marinheiro embarcado em diversos navios. Nos cinco anos que se seguiram publicou grande parte dos seus livros, inspirados na sua experiência marítima, e viu a crítica e sobretudo o público reconhecer-lhe os méritos. Inicia uma correspondência e amizade profícuas com o escritor Nathaniel Hawthorne e publica a sua obra-prima «Moby Dick» em 1851 (primeiro em Inglaterra e só depois nos Estados Unidos). A partir desses anos, Melville, que casara e planeara viver da escrita, cai no esquecimento do público e até ao fim da vida tem de aceitar diversos trabalhos para sobreviver. Só após a sua morte, e aquando do centenário do seu nascimento, é que a crítica redescobre o autor e o seu génio e Melville passa a integrar o panteão dos grandes nomes das letras universais.

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Thomas Hardy

Thomas Hardy

Thomas Hardy (1840-1928) nasceu em Dorset, na Inglaterra. Escreveu romances, peças de teatro e poesia. É considerado um dos grandes escritores realistas do período vitoriano. Fortemente influenciadas por George Eliot, William Wordsworth, e também por Charles Dickens, as obras de Thomas Hardy abordam temas relacionados com o casamento, a educação e a religião e o modus vivendi que poderá ser a causa da infelicidade humana.
Hardy está sepultado na Abadia de Westminster.

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Ernest Hemingway

Ernest Hemingway

Ernest Hemingway nasceu em Oak Park, no Illinois, a 21 de julho de 1899, e suicidou-se em Ketchum, no Idaho, em julho de 1961. Em 1953 ganhou o Prémio Pulitzer, com O Velho e o Mar, e em 1954 o Prémio Nobel de Literatura. Romances como O Adeus às Armas ou Por Quem os Sinos Dobram, além do já citado O Velho e o Mar, consagraram-no como um dos grandes nomes da literatura do século XX.

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George Orwell

George Orwell

George Orwell, pseudónimo do escritor Eric Arthur Blair, nasceu na cidade de Motihari, na então Índia britânica, a 25 de junho de 1903, tendo-se mudado para Inglaterra com a família, ainda durante a infância. Escritor e jornalista, Orwell é uma das mais influentes figuras da literatura do século xx. Defensor incondicional da liberdade humana e acérrimo opositor do totalitarismo, inscreve-se no panorama literário com as obras Dias Birmaneses (1934) e Homenagem à Catalunha (1938). Mas será, sem dúvida, com Quinta dos Animais (1945) e Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (1949), duas narrativas com uma atualidade assombrosa, que o autor alcança o reconhecimento internacional. Morreu de tuberculose, em Londres, a 21 de janeiro de 1950.

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Porque teria Maurice Sendak um cão chamado Herman? E porque é que entre os 19 gatos de Mark Twain havia nomes como Pestilence ou Blatherskite? Descubra a história por trás dos nomes dos animais de estimação de 15 autores. Talvez até possa tirar ideias para o seu próximo animal de estimação.

 


 

De homenagens literárias a puras piadas, existe todo o tipo de histórias por trás dos nomes dos animais de estimação que hoje partilhamos consigo. Descubra-as e depois conte-nos quais achou mais divertidas.

 

1. Aderphos e Edward Lear

Embora Aderphos fosse mais comummente chamado pelo diminutivo Foss, o seu nome oficial era uma variante de Adelphos: a palavra grega para "irmão". Este é um excelente exemplo de como o nome de um animal de estimação, ainda que de forma subtil, pode indicar na perfeição a relação entre este e o seu dono.

 

2. Basket, Gertrude Stein e Alice B. Toklas

O nome de Basket ("cesto") para o poodle branco de Stein e Toklas foi-lhe dado por esta última, que considerava o seu cão "tão elegante que poderia levar um cesto de flores na sua boca". Quando Basket morreu, foi sucedido por Basket II – e houve ainda um Basket III.

 

                             

Gertrude Stein, Alice B. Toklas e Basket (via Purebred Dog Day)

 

3. Beppo e Jorge Luis Borges (e Lord Byron)

Jorge Luis Borges chamou Beppo ao seu gato como forma de homenagem a uma personagem de um poema de Lord Byron. O próprio Byron, no entanto, tinha um gato chamado Beppo, que, segundo se conta, gostava de beber leite de uma caveira.

 

4. Cigarette e Albert Camus

Camus era um fumador inveterado dos lendários cigarros de tabaco negro, Gauloises e Gitanes. É, aliás, famosa a imagem, da autoria de Henri Cartier-Bresson, que o imortalizou, com um deles a pender-lhe dos lábios. A explicação de porque escolheu Camus o nome Cigarette – "cigarro" – para o seu gato reside provavelmente neste seu vício.

 

5. Cliché e Dorothy Parker

Parker chamou Cliché a um dos seus poodles franceses pretos. Segundo a autora, escolheu este nome porque "as ruas estão atapetadas com poodles franceses pretos". Temos, neste caso, um nome com uma pitada de autocrítica acompanhada de sentido de humor.

 

6. Fireball Wilson Roberts Green e John Green

Sim, John Green tinha um terrier cujo nome completo era Fireball Wilson Roberts GreenEste longo nome foi escolhido a pensar no bulldog alcoólico de um romance de James Crumbly, mas, na realidade, os donos não o utilizavam, preferindo o diminutivo Willy: como explicou John Green, o terrier era "Willy, Willy cute" ("munto, munto querido"). 

 
7. Flush e Elizabeth Barrett Browning (e Mary Russell Mitfortd)

Flush é um nome algo estranho para um animal de estimação: em português pode significar "rubor" ou... descarga. Sabe-se, porém, por que motivo Browning chamou Flush ao seu cocker spaniel: este foi-lhe oferecido por Mary Russell Mitford e esta tinha, ela própria, um cão chamado Flush, que era o pai do Flush de Browning. A razão porque Mitford escolheu este nome para o seu cão, essa, é que já é mais difícil de adivinhar...

 

8. Germania, Deuteronomy e outros 17 gatos de Mark Twain

Mark Twain tinha muitos gatos e chegou a ter 19 ao mesmo tempo. Entre os nomes mais singulares que lhes deu, contam-se: Abner, Ananda, Annanci, Appolinaris, Babylon, Bambino, Belchazar, Billiards, Blatherskite, Bones, Buffalo Bill, Danbury, Deuteronomy, Famine, Fraulein, Genesis, Germania, Motley, Pestilence, Sackcloth, Soapy Sal, Socrates, Sour Mash, Stray Kit, Satan (gato que foi encontrado no caminho para a igreja e cujo nome foi alterado para Sin – pecado – quando se descobriu que era, afinal, uma gata), Sinbad, Tammany e Zoroaster. A motivação por trás destes nomes, segundo se sabe, era ajudar as crianças a praticarem a pronunciação de palavras difíceis. 

 

9. Griot e Chester Himes

Himes escolheu um nome curto mas imponente e quase literalmente mágico para o seu gato siamês: Griot era o nome dos mágicos nas côrtes dos reis da África Ocidental.

 

Chester Himes e Griot (via El Temps)

 

10. Gully, Téa Obreht e Dan Sheehan

O cão de Obreht e Sheehan tem no seu nome uma dupla referência literária: Gully foi escolhido por ser o diminutivo de Gulliver, não em nome do próprio Gulliver, mas, sim, do labrador retriever do livro Different Dragons, de Jean Little. 

 

11. Herman e Maurice Sendak

Sendak deu o nome Herman ao seu cão em homenagem a Herman Melville, um dos seus ídolos. Herman era um pastor alemão de idade indeterminada: Maurice Sendak nunca quis saber quantos anos tinha o seu cão, já que desejava, ele próprio, não saber "quão velho era". 

 

Maurice Sendak e Herman (via The New York Times)

 

12. Kiddleywinkempoops e Thomas Hardy

Sobre o nome que Hardy escolheu para o seu gato, pode-se apenas assumir que foi por brincadeira. Para bem do gato, felizmente, este tinha um diminutivo que pouco tinha que ver com o nome: Trot. Outra curiosidade sobre os animais de estimação de Hardy é que este tinha o seu próprio cemitério para eles na sua casa, em Dorset, Inglaterra.

 

13. Muriel e George Orwell

Orwell e a mulher, Eileen O'Shaughnessy, tinham vários animais de quinta na sua casa, em Wallington. Entre eles, contava-se a cabra Muriel. Exatamente: Muriel, como uma das cabras de A Quinta dos AnimaisA Muriel real teria recebido esse nome como uma piada de Eileen em relação a uma das tias de Orwell, tendo depois inspirado a criação da Muriel literária.

 

George Orwell e Muriel (via UCL Library Services)

 

14. Stephen Spender, Shakespeare, Ecstasy e Ernest Hemingway

Hemingway decidiu dar nomes de poetas a dois dos três gatos irmãos. Considerando que os gatos gostavam de ouvir a sibilante nos seus nomes, chamou a um Stephen Spender (que passou depois a Spendthrift e depois ainda ao diminutivo Spendy); ao irmão de Spendy deu o nome de Shakespeare (depois alterado para Barbershop (Barbearia), por algum motivo, e depois para Shopsky); e ao terceiro chamou Ecstasy. Ernest Hemingway e a mulher ensinaram a cada um dos gatos o seu nome, recompensando-os com a chamada "erva de gato" (catnip). 

 

15. Theodor W. Adorno e Julio Cortázar

Cortázar escolheu o nome do filósofo alemão Adorno para batizar o seu gato; e chamou-o sempre pelo nome completo. 

 

Qual destes nomes daria ao seu animal de estimação?

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