Booker Prize International 2020 | Shortlist maioritariamente feminina
Por: Sónia Rodrigues Pinto a 2020-04-03 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
Últimos artigos publicados
À semelhança do ano anterior, a shortlist do Booker Prize International 2020 é maioritariamente feminina. Entre os seis finalistas a concorrer ao galardão, encontram-se a autora japonesa Yoko Ogawa, com a obra The Memory Police, e The Hurricane Season, da mexicana Fernanda Melchor. O anúncio foi feito remotamente, esta quinta-feira, 2 de abril, pelo presidente do júri, o escritor e crítico literário Ted Hodgkinson.
Em comunicado, Hodgkinson refere que os livros finalistas “reinventam-se”, obrigando o leitor a ir “ao encontro do desconforto”. “Quer seja descrevendo uma distopia imaginosamente desafiante ou fluxos incandescentes de linguagem, estes são feitos tremendos de tradução”, acrescenta o presidente do júri.
Na shortlist deste ano, destacam-se seis romances traduzidos de cinco línguas: espanhol, alemão, holandês, persa e japonês. De acordo com o júri, estes autores procuram representar a necessidade da humanidade entender o mundo, através da narrativa: seja seja através da partilha de histórias, da compreensão das nossas origens ou a lidar com trauma ou sofrimento.
De facto, nas obras de Shokoofeh Azar, Gabriela Cabezón Cámara e Daniel Kehlmann encontramos a história dos seus países – nomeadamente a Revolução Islâmica, em 1979, no Irão, representada em The Enlightenment of the Greengage Tree; a cultura gauchesca em 1870, na Argentina, destacada em The Adventures of China Iron; e os trinta anos de guerra na Alemanha, patentes em Tyll.
Os restantes títulos, de Fernanda Melchor, Yoko Ogawa e Marieke Lucas Rjineveld, mostram como o trauma molda as nossas experiências. Em Hurricane Season, a narrativa inicia-se com a descoberta de um assassinato grotesco, que rapidamente resvala para uma história repleta de pobreza, violência, preconceito e misoginia. The Memory Police explora uma ilha distópica onde um governo autoritário, na tentativa de controlar a memória dos seus cidadãos, apenas reforça o quanto as nossas memórias nos definem. Em The Discomfort of Evening, por outro lado, o sofrimento e o luto são representados após a morte de uma criança no seio de uma família devota.
A SHORTLIST DE NOMEADOS:
- The Enlightenment of The Greengage Tree, de Shokoofeh Azar (Irão). Tradutor anónimo (Europa Editions);
- The Adventures of China Iron, de Gabriela Cabezón Cámara (Argentina). Traduzido por Iona Macintyre e Fiona Mackintosh (Charco Press);
- Tyll, de Daniel Kehlmann (Alemanha). Traduzido por Ross Benjamin (Quercus);
- Hurricane Season, de Fernanda Melchor (México). Traduzido por Sophie Hughes (Fitzcarraldo Editions);
- The Memory Police, de Yoko Ogawa (Japão). Traduzido por Stephen Snyder (Harvill Secker);
- The Discomfort of Evening, de Marieke Lucas Rijneveld (Holanda). Traduzido por Michele Hutchison (Faber & Faber);
Além de Hodgkinson e de Lucie Campos, diretora da Villa Gillet, o júri do Booker Prize International de 2020 é composto pela tradutora Jennifer Croft (que recebeu este galardão pela tradução de Flights, da polaca Olga Tokarczuk), pelo jornalista e escritor Jeet Thayil e pela autora Valeria Luiselli.
O grande vencedor da edição deste ano será anunciado a 28 de julho.