"Síul, Epilif e o Grande Zigomático" | A magia de levar a vida a rir
Por: Beatriz Sertório a 2020-11-24 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Existe um provérbio que diz que «rir é o melhor remédio». Mas nem sempre é fácil. Há alturas na nossa vida em que não temos vontade mesmo nenhuma de rir. É perfeitamente normal, e saudável, termos dias assim. Para o Luís, no entanto, todos os dias eram assim. O Luís nunca rira, desde bebé, chegando a preocupar os pais ao ponto de o levarem a um médico para ser examinado. Aparentemente, não havia nada de errado com ele. O que lhe faltava, dizia ele, era qualquer coisa para ele gostar. Ainda não tinha encontrado aquilo que o fazia rir.
Isto foi apenas até encontrar o Filipe. O Filipe — ou Epilif, como gostava de se chamar — era o seu completo oposto. Ria por tudo e por nada e fazia truques de magia. Tudo começou quando, um dia, o seu pai desapareceu e nunca mais voltou, «como um truque incompleto». Desde aí, aprendeu a magia que existe em tornar as coisas cómicas — quando rir é o único remédio. Às vezes, para tornar uma coisa cómica, basta colocá-la do seu avesso — como fez com o seu nome e o do seu amigo Luís (ou melhor, Síul). Outras vezes, palavras complicadas de dizer também o faziam rir — como zigomático, sabes o que é? É o músculo que nos faz rir.
Mas o maior truque do «Grande Epilif» foi o de fazer aparecer uma coisa inesperada num sítio improvável — tentou fazer aparecer um coelho dentro de uma cartola e, em vez disso, apareceu um cão. Foi nesse momento que, pela primeiríssima vez, o Luís começou a rir. O truque não tinha sido só mágico, como também cómico, e ensinara-lhe que «ser cómico é uma maneira de ser mágico».
No entanto, a maior lição que o Síul e o Epilif aprenderam é também uma lição importante para os adultos, sobretudo para aqueles que levam a vida demasiado a sério e que não conseguem arranjar forma de rir das suas preocupações: ser cómico não é apenas mágico, é também «uma maneira de ser miúdo quando se é crescido».