5 recomendações de Bill Gates para evitar um desastre climático
Por: Beatriz Sertório a 2021-02-22 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Quando, em 2015, Bill Gates alertou o mundo para os perigos de um novo surto epidémico global, os políticos não agiram com a urgência necessária para o prevenir. Prova disso é a situação de pandemia em que vivemos atualmente e que poderia ter sido evitada – ou, pelo menos, controlada mais cedo –, caso o tivessem feito. Este ano, o fundador da Microsoft e filantropo, voltou os seus esforços para um desafio ainda maior. Com a ajuda de peritos no domínio da física, química, biologia, engenharia, ciência política e finanças, publicou um livro sobre aquele que considera ser o maior desafio que a espécie humana já enfrentou: o das alterações climáticas.
Como evitar um desastre climático é um guia prático e concreto sobre as políticas que os governos devem adotar, e as ações que nós, cidadãos e consumidores, podemos implementar de modo a salvar o planeta da catástrofe. Segundo o autor, "dispomos já de algumas ferramentas necessárias para uma mudança de rumo, e quanto às que não possuímos, o que aprendi sobre clima e tecnologia permite-me acreditar que seremos capazes de as inventar e aplicá-las no terreno, evitando assim, se não perdermos mais tempo, um desastre climático."
Partilhamos consigo algumas das ações que Bill Gates considera fundamentais para o sucesso crucial desta missão pela nossa sobrevivência.
1. Reduza as emissões de gases com efeito de estufa em sua casa
Para Bill Gates, o principal objetivo deste livro é inspirar os leitores a trabalhar para alcançar a almejada neutralidade carbónica. Se queremos ter uma hipótese de reverter os danos que provocámos à atmosfera do nosso planeta, teremos de eliminar totalmente as nossas emissões de carbono até 2050. Embora considere que o passo mais importante para atingir este objetivo passe por reduzir o custo das alternativas verdes face às energias poluentes, existem ainda várias medidas que cada um de nós pode adotar individualmente para contribuir para o sucesso desta missão.
Entre elas, contam-se pequenas ações como a substituição das lâmpadas de casa por LEDs e a preferência por eletrodomésticos mais eficientes, ou investimentos ecologicamente responsáveis, como a aquisição de um termostato inteligente, o isolamento térmico das janelas ou a substituição do seu sistema de aquecimento por uma bomba de calor. Se for construir uma casa de raiz, deve também optar por utilizar materiais isolantes na sua estrutura, de modo a torná-la mais eficiente, bem como materiais reciclados, como, por exemplo, o aço reciclado.
2. Adquira um veículo elétrico ou utilize transportes públicos
Embora possam ainda não ser uma opção viável para todos, os carros elétricos têm vindo a melhorar muito em termos de custo e performance. Segundo Bill Gates, este é um domínio no qual os consumidores podem ter um impacto tremendo nas decisões das empresas automóveis, pois quanto mais veículos elétricos forem adquiridos, mais serão produzidos e, eventualmente, menor será o custo de produção dos mesmos.
Em alternativa, pode optar pelos transportes públicos ou, se preferir uma opção tão amiga do ambiente como da sua saúde, a bicicleta.
3. Procure alternativas à carne na sua alimentação
Cortar o consumo de carne é um passo fundamental para reduzir a sua pegada ecológica. Ao mesmo tempo, se consumir produtos substitutos da carne, estará a passar uma mensagem aos produtores da indústria alimentar de que este é um investimento que vale a pena. Ao fazer isso, estará a contribuir para que existam cada vez mais alternativas, mais baratas, e disponíveis num maior número de sítios. Como exemplo, Bill Gates fala nos hambúrgueres vegetarianos que, embora admita que nem sempre tenham sido uma concorrência forte aos hambúrgueres tradicionais, hoje em dia já existem em versões tão ou mais saborosas do que as originais. E o mesmo se aplica aos produtos laticínios.
Se quiser sugestões de receitas de hambúrgueres (e outros pratos) vegetarianos para fazer em casa, consulte a secção Para devorar do nosso blogue.
4. Opte por um tarifário de energia verde
O portal Poupa energia explica que "os tarifários verdes permitem ao consumidor ter a garantia de que é comercializada uma quantidade de energia proveniente de fontes 100% renováveis equivalente ao seu consumo anual." De forma a garantir e comprovar este compromisso, o consumidor recebe ainda "um certificado que atesta a proveniência da energia e que comprova o contributo para a sustentabilidade energética." Para além de serem cada vez mais as empresas a fornecerem este serviço, são também cada vez mais os consumidores que aderem a esta solução, sendo que uma destas empresas afirmou ter assistido a um "aumento muito significativo das vendas de energia solar em 2020".
Este comportamento da parte dos consumidores é um sinal muito importante para o mercado energético, demonstrando que o investimento nas fontes renováveis compensa.
5. Exija o compromisso dos seus representantes
Se há coisa que a eleição de políticos como Donald Trump – que retirou os EUA do acordo de Paris -, ou como Bolsonaro – que considera que a pressão internacional para combater as alterações climáticas é um mero "jogo comercial" –, nos ensinou, foi a importância de eleger políticos que não só aceitem e compreendam o desafio das alterações climáticos, como se comprometam a fazer tudo ao seu alcance para o combater. Para votar em consciência, é preciso que, em primeiro lugar, os eleitores se informem acerca das convicções e motivações dos políticos que elegem. Mas a responsabilidade não acaba aí. Depois de assumirem o cargo, é preciso que os cidadãos, que estes representam, garantam que eles cumprem aquilo a que se comprometeram, e que tomem ações quando tal não acontece.
Para isso, incentiva Bill Gates: "Faça chamadas, escreva cartas, participe em reuniões com os seus representantes" e exija um maior compromisso e financiamento para as energias renováveis.
Opinião dos leitores