Um padre, um jornalista e um comediante entram num bar

Por: Beatriz Sertório a 2024-11-13

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O que é que eu Estou Aqui a Fazer?
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Roma, Temos Um Problema
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A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar
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O encontro próximo com a morte que inspirou o novo livro de Afonso Cruz

Um livro que nasce de um beco. Assim descreve Afonso Cruz o seu mais recente livro, O que a chama iluminou (Companhia das letras). Por um lado, o beco em que se viu encurralado por dois blindados conduzidos por carabineiros em Santiago do Chile, em 2019. Por outro, o quase “beco sem saída” em que se encontrou quando um jipe em contramão embateu no carro onde seguia em Punta Arenas, nesse mesmo ano. Dessa viagem atribulada (e potencialmente fatal) ao Chile, resultou uma reflexão sobre o fim das coisas, que se materializou primeiro num espetáculo e agora em livro.

Os livros da vida de Pedro Mexia, Tati Bernardi e mais

É uma curiosidade natural de qualquer leitor: o que lêem os escritores que admiramos? A resposta pode estar num novo livro, recém-chegado às livrarias. O que lêem os escritores?  parte de  um desafio colocado a vários autores do catálogo da editora Tinta da China para escreverem um texto original sobre um ou mais livros que os marcaram — aquele a que voltam várias vezes, aquele que os fez descobrir a leitura, aquele que os acompanhou numa viagem ou que simplesmente nunca lhes saiu da cabeça … O resultado é uma verdadeira ode à leitura e às histórias que nos formam, reunindo textos de autores como Dulce Maria Cardoso, Gregório Duvivier, Rui Cardoso Martins ou Rui Tavares.

Amigas inseparáveis

Um acaso, e o sopro do vento, numa noite de verão, fez com que Mayumi Inaba encontrasse Mi, uma pequena gata recém-nascida abandonada. Um encontro inesperado que as juntou até a morte as separar, vinte anos mais tarde. O livro é o relato dessas duas décadas e faz-nos não só mergulhar na vida indissociável de ambas, mas também nos locais descritos, de forma muito realista. 

O que é que eu estou aqui a fazer?”, o título do livro que une João Francisco Gomes a Ricardo Araújo Pereira, parte de uma pergunta que o autor e comediante colocou a um padre numa aula de Religião e Moral do 8º ano. Na altura, foi interpretada como uma piada e deu azo a gargalhadas entre os seus colegas   algo que viria a inspirar a sua carreira na comédia , mas logo se percebeu que se tratava de uma dúvida genuína. A essa pergunta, seguia-se, afinal, uma segunda: “Porque é que nascemos se, depois, temos de morrer?”. 

Com apenas 13 anos na altura, era já algo que o atormentava; a incerteza desse “desconhecido país de cujas raias nenhum viajante ainda voltou” (Shakespeare), e que faz muitos voltarem-se para a religião em busca de respostas. No entanto, apesar de um percurso escolar marcado pelo cristianismo
 da escola das freiras na primária ao franciscano Externato da Luz, seguido de uma escola jesuíta no secundário e, finalmente, a Universidade Católica –, Ricardo Araújo Pereira percebeu desde cedo que as respostas que a fé tinha para lhe oferecer não o satisfaziam. Ainda que o tema o continue a fascinar, como prova a sua vasta coleção de Bíblias e livros sobre religião, é assumidamente ateu e, frequentemente, o “ateu de serviço”, convocado para conferências e debates sobre questões existenciais entre crentes e não crentes.

Por essa razão, o jornalista João Francisco Gomes viu em Ricardo Araújo Pereira o convidado natural para uma série de conversas sobre fé que dariam origem a este livro. Autor de Roma, Temos Um Problema, sobre os abusos sexuais no seio da Igreja Católica, e jornalista no Observador desde 2016, onde escreve maioritariamente sobre religião e espiritualidade, desafiou o comediante a aprofundar uma reflexão que já tinha aflorado em A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar (2016). Enquanto este refletia sobre o olhar humorístico e a forma como ele se relaciona com a certeza exclusivamente humana da mortalidade, O que é que eu Estou Aqui a Fazer? debruça-se agora sobre as intersecções entre o humor e a religião, com três novos intervenientes: um padre, um jornalista e um comediante. 

Todavia, não foi num bar, mas nos escritórios da editora Tinta-da-China que o comediante Ricardo Araújo Pereira e o jornalista João Francisco Gomes se reuniram para cinco conversas; uma delas, com a participação especial do padre João Basto, formador no seminário de Viana do Castelo. Já o prefácio ficou a cargo do poeta e sacerdote José Tolentino Mendonça, que nele celebra e incentiva a possibilidade dos “diálogos fecundos entre crentes e não crentes”. Abordando temas como a existência de Deus, a relação complexa entre a religião e o riso, e até o encontro de 105 humoristas com o Papa no Vaticano, no qual Ricardo Araújo Pereira esteve presente, estas conversas, aparentemente descontraídas e permeadas pelo humor característico de Ricardo, encontram, afinal, precedentes em diálogos históricos como a entrevista do astrónomo (agnóstico) Carl Sagan ao líder budista, Dalai Lama, em 1991.

Entre reflexões, é lançada a seguinte proposta: talvez o humor e a religião sejam respostas paralelas às grandes inquietações da Humanidade. Por um lado, a religião, como consolo de que existe uma recompensa após a morte; por outro, o humor, como bálsamo que atenua, ainda que por breves momentos, a certeza de que vamos morrer. Em ambos, a mesma compreensão de que tudo o que é bom acaba, mas também, é precisamente por isso que é bom. No final de contas, como afirma Ricardo Araújo Pereira numa crónica que escreveu para a Folha de São Paulo: “Se o campeonato do mundo durasse para sempre, ninguém via.” Aproveitemos então, enquanto dura.

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