Ler ajuda a combater o stress de estar confinado
Por: Beatriz Sertório a 2020-08-25 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Com a impossibilidade de sair de casa para mais do que o estritamente essencial, e o cancelamento de eventos culturais e desportivos, foram várias as pessoas que se voltaram para a leitura durante os meses de confinamento. Para alguns, leitores habituais, estes meses apenas lhes possibilitaram ter mais tempo livre para se dedicarem a esta paixão. Mas, para outros, não tão habituados a ler, os livros e a leitura afiguraram-se-lhes como uma inesperada fonte de conforto, ou uma necessária distração, em tempos conturbados.
Em Espanha, a empresa Conecta Research & Consulting, com o apoio do Centro Español de Derechos Reprográficos (CEDRO), elaborou um estudo para a Federación de Gremios de Editores de España sobre o papel do livro e da literatura durante o período de confinamento. Das 1.200 entrevistas telefónicas a residentes em Espanha, com mais de 14 anos de idade, concluíram que os espanhóis leram mais durante o confinamento, tendo-se verificado um aumento de 7% na percentagem de leitores semanais durante este período (de 50% no período pré-confinamento para 57%). Já no número médio de horas de leitura por semana, registaram um aumento de 90 minutos, tendo aumentado de 6:50h para 8:20h.
O aumento no número de leitores frequentes durante o confinamento verificou-se principalmente nas mulheres e nos mais jovens. Entre as razões que justificam este aumento, destaca-se o facto de terem passado a ter mais tempo livre. Outros, apontaram a necessidade de encontrar uma distração relativamente ao que se passava à sua volta. Afirmou uma das mulheres entrevistadas: “Para desconectar um pouco do problema, voltei a descobrir o prazer da leitura”.
Seja qual tenha sido a razão para ler durante o confinamento, 82% dos interrogados afirmaram que a leitura os ajudou a lidar melhor com esta situação. Ao analisar as preferências destes leitores, concluiu-se que o livro em papel foi o meio de leitura preferido durante este período, sendo que 83% dos interrogados afirmaram terem lido maioritariamente em papel, enquanto apenas 38% optaram pelo livro digital (preferencialmente, em e-readers e, em último lugar, no telemóvel). Entre os autores mais lidos durante este período, encontram-se no TOP 5, Carlos Ruiz Zafón, Javier Castillo, Stephen King, Ken Follett e Dolores Redondo. Por sua vez, os cincos livros mais lidos foram, em primeiro lugar, os livros da série O Cemitério dos Livros Esquecidos (da qual fazem parte A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos espíritos, do recentemente falecido Ruiz Zafón, O Dia em que perdemos a cabeça, de Javier Castillo, os livros da saga de Harry Potter e de Os Jogos da fome e, em quinto lugar, o livro recentemente publicado pela editora Planeta, Rainha Vermelha de Juan Gómez-Jurado.