Embora, já nesta altura, a pobreza e o vício do álcool ameaçassem desviá-lo do seu percurso literário, o autor continua sempre a escrever, chegando a confessar ter sido a escrita que o salvou da loucura. Lutando pelo décimo de alma e de sanidade que lhe restava (“
Nove décimos de mim já morreram, mas defendo à lei da bala o outro décimo
”), a obra de
Bukowski
ilustra, como na vida, que o bom e o mau não são mutuamente exclusivos, mas antes duas faces da mesma moeda. Ler a obra de
Bukowski
é, já de si, reconhecer a possibilidade de, a partir do sofrimento e da dor, brotarem beleza e poesia. E, na sua visão, a dor é, não só inevitável, como absolutamente necessária. Nas suas palavras: “
O fim da dor é o fim do sentimento; cada um dos nossos prazeres é um pacto com o Diabo
“.