Os 100 livros de 2018 que tem mesmo de ler
Por: Bertrand Livreiros a 2018-11-29
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Com o final do ano a aproximar-se, o The New York Times (NYT) escolheu 100 livros que se destacaram em 2018. Partilhamos consigo os que já se encontram traduzidos para português, para que os possa adicionar à sua lista de livros a ler no próximo ano. A seleção completa pode ser consultada no artigo do NYT.
1. Macbeth, Jo Nesbø
Passado nos anos 70, numa cidade industrial cinzenta e chuvosa, a força policial da zona está concentrada em acabar com um persistente problema de drogas. Duncan, chefe da polícia, é um idealista e visionário, um sonho para a população e um pesadelo para os criminosos. O comércio das drogas é liderado por dois homens, um dos quais, mestre da manipulação chamado Hécate, tem ligações aos poderes mais levados. E pretende usá-las para conseguir escapar ileso. O seu plano consiste em manipular, de forma consistente e persistente, o inspetor Macbeth, um homem já de si suscetível a tendências paranoides e violentas. O que se segue é uma história irresistível de amor e culpa, de ambição política e inveja, que explora os recantos mais negros da natureza humana, assim como as aspirações da mente criminosa.
2. A Persuasão Feminina, Meg Wolitzer
Jovem, brilhante e ambiciosa, Greer Kadetsky acaba de ser aceite na prestigiada universidade de Yale com uma bolsa de estudo. Para entrar, basta preencher um formulário. Algo que os pais, na sua descontracção de hippies da velha guarda, não fazem.É assim que ela se vê relegada para uma universidade de segunda linha enquanto o namorado, Cory, filho de imigrantes portugueses, concretiza o sonho de ambos e segue para Yale. Enquanto se debate com a inesperada falta de rumo, Greer conhece a carismática Faith Frank, figura icónica do feminismo americano. Ao assistir a uma palestra de Faith, a chama que Greer temia extinta ilumina-se. Anos depois, já terminada a faculdade, Cory dedica-se à alta finança enquanto Greer luta pelos seus ideais com fervor. São percursos distintos que os obrigam a confrontarem-se com a complexidade da vida adulta. Aos poucos, ambos se afastam do futuro que sempre imaginaram para si próprios. E um dia, vão perceber como estão longe daquilo que sonharam ser.
3. A Minha Luta, Karl Ove Knausgård
Karl Ove Knausgård escreve sobre a vida com dolorosa honestidade. Escreve sobre a infância e os anos de adolescência, a paixão pelo rock, a relação com a sua afectuosa e algo distante mãe, e o seu pai, sempre imprevisível, cuja morte o desorientou. O álcool e a perda pairam como sombras sobre duas gerações da família. Quando ele próprio se torna pai, Knausgård tem de encontrar um equilíbrio entre o amor pela família e a determinação em escrever. Knausgård criou uma história universal de lutas, grandes e pequenas, que todos enfrentamos na vida. Um trabalho profundo e hipnotizante, escrito como se a própria vida do autor estivesse em risco. A Morte do Pai é o primeiro de seis romances que compõem a obra autobiográfica A Minha Luta.
4. O Caso Sparsholt, Alan Hollinghurst
Em outubro de 1940, o jovem David Sparsholt chega a Oxford. Elegante, atlético e carismático, parece não ter noção do efeito que provoca nos outros, particularmente em Evert Dax, filho solitário de um escritor célebre. Enquanto Londres é devastada pelo Blitz, Oxford como que paira numa névoa de alheamento e incerteza, e as noites de blackout parecem encorajar e encobrir encontros que, em tempos normais, seriam impossíveis. Ao longo deste período conturbado, David e Evert forjam uma amizade improvável que vai uni-los ao longo de décadas. Retrato magistral de um grupo de amigos unidos durante três gerações pela arte, pela literatura e pelo amor, O Caso Sparsholt explora anos cruciais do século XX, cujas consequências se estendem aos dias de hoje. Uma obra-prima pela mão de um dos mais brilhantes escritores de língua inglesa da atualidade.
5. Uma Educação, Tara Westover
Tara Westover cresceu a preparar-se para o Fim dos Tempos, para ver o Sol escurecer e a Lua pingar, como que de sangue. Passava o verão a conservar pêssegos e o inverno a cuidar da rotatividade das provisões de emergência da família, na esperança de que, quando o mundo dos homens falhasse, a sua família continuasse a viver.
Não tinha certidão de nascimento e nunca pusera um pé na escola. Não tinha boletim médico, porque o pai não acreditava em médicos nem em hospitais. Não havia quaisquer registos da sua existência. O pai foi ficando cada vez mais radical com o passar do tempo, e o seu irmão, mais violento. Aos dezasseis anos, Tara decidiu educar-se a si própria. A sua sede de conhecimento haveria de a levar das montanhas do Idaho até outros continentes, a cruzar os mares e os céus, acabando em Cambridge e Harvard. Só então se perguntou se tinha ido demasiado longe. Se ainda podia voltar a casa.
Uma Educação é a história apaixonante de uma mulher que se reinventa. Mas é também uma história pungente de laços de família e de dor quando esses laços são cortados. Com o engenho dos grandes escritores, Tara Westover dá forma, a partir da sua experiência singular, a uma narrativa que vai ao cerne do que é a educação e do que ela nos pode oferecer: a perspetiva de ver a vida com outros olhos e a vontade de mudarmos.
The New York Times |
6. O Iluminismo Agora, Steven Pinker
Nesta obra, Steven Pinker apresenta-nos uma vasta panorâmica dos progressos da Humanidade: hoje vivemos mais anos, com recurso a melhores meios de saúde, somos mais livres e felizes. e embora os problemas com que nos confrontamos sejam tremendos, é possível encontrar soluções no ideal do Iluminismo: o uso da razão e da ciência. Estará o mundo a desmoronar-se? Estará obsoleto o ideal do progresso?
Numa original avaliação da condição humana no terceiro milénio, o autor estimula-nos a enjeitar as notícias alarmistas e as profecias da desgraça que influenciam a nossa visão do mundo. Pinker demonstra-nos que a vida, a saúde, a prosperidade, a segurança, a paz, o conhecimento e a felicidade estão em ascensão, não só no Ocidente mas também à escala global. Este progresso não é o resultado de uma força cósmica. É uma herança do Iluminismo: a convicção de que a razão e a ciência impulsionam o florescimento humano. Longe de ser uma esperança vã, sabemo-lo agora, o Iluminismo funcionou realmente.
7. Ergue-te e Mata Primeiro, Ronen Bergman
O Talmude diz: «Se Alguém vier matar-te, ergue-te e mata-o primeiro.» Este instinto para recorrer a todos os meios, mesmo os mais violentos para defender o povo judeu está incrustado no ADN de Israel. Desde a fundação do Estado de Israel em 1948, proteger a nação constitui a responsabilidade dos serviços secretos e das forças armadas, e existe uma arma no seu vasto arsenal que tem sido usada para eliminar as ameaças mais graves: os assassínios seletivos foram utilizados com frequência, contra inimigos de todas as dimensões, umas vezes em resposta a ataques contra o povo israelita, outras como medida preventiva.
Incluindo histórias até hoje desconhecidas sobre os bastidores de operações especiais e baseando-se em centena de entrevistas oficiais e em milhares de arquivos aos quais Bergman teve acesso exclusivo durante décadas de experiência jornalística, este livro leva-os ao cerne das atividades mais secretas de Israel. Da fundação do Estado de Israel à atualidade, Bergman evoca os acontecimentos terríveis e as espinhosas questões éticas subjacentes à campanha de assassínios seletivos, que marcaram a nação israelita, o Médio Oriente e o mundo inteiro.
8. Assimetria, Lisa Halliday
A primeira parte deste romance, Delírio, desenrola-se em Nova Iorque, no pós-11 de setembro de 2011, e narra a ligação entre uma jovem assistente editorial e um escritor envelhecido, Ezra Blazer. a narrativa aborda a ambiguidade na relação de um casal com idades assimétricas. De um lado, um autor famoso a quem o corpo foge. Do outro, uma mulher jovem que gostaria de escrever. Uma segunda parte do livro, Loucura, revela-nos personagens que atravessam as consequências da guerra do Iraque. Estamos em 2008 e Amar é um economista americano-iraquiano em viagem de Los Angeles para o Curdistão, retido no aeroporto de Heathrow. Os pais desejam que ele se integre na sociedade norte-americana, mas a sua origem e preocupações arrastam-no para o Médio Oriente. e assistimos de novo às assimetrias próprias da nossa época, desta vez psicológicas, culturais e geográficas.
9. A Chegada das Trevas, Catherine Nixey
A Chegada das Trevas é a história largamente desconhecida – e profundamente chocante – de como uma religião militante pôs deliberadamente fim aos ensinamentos do mundo clássico, abrindo caminho a séculos de adesão inquestionável à “única e verdadeira fé”. O Império Romano foi generoso na aceitação e assimilação de novas crenças. Mas com a chegada do Cristianismo tudo mudou. Esta nova fé, apesar de pregar a paz, era violenta e intolerante. Assim que se tornou a religião do império, os zelosos cristãos deram início ao extermínio dos deuses antigos – os altares foram destruídos, os templos demolidos, as estátuas despedaçadas e os sacerdotes assassinados. Os livros, incluindo grandes obras de Filosofia e de Ciência, foram queimados na pira. Foi a aniquilação. Levando os leitores ao longo do Mediterrâneo – de Roma a Alexandria, da Bitínia, no norte da Turquia, a Alexandria, e pelos desertos da Síria até Atenas -, A Chegada das Trevas é um relato vívido e profundamente detalhado de séculos de destruição.
10. O Quarto de Marte, Rachel Kushner
Estamos em 2003 e Romy Hall enfrenta duas penas de prisão perpétua consecutivas na penitenciária feminina de Stanville, em Central Valley, na Califórnia. Lá fora está o mundo do qual foi privada: a cidade de São Francisco da sua juventude e o filho, Jackson. Dentro, uma nova realidade: milhares de mulheres que lutam por bens essenciais à sobrevivência; os jogos, ostentações e atos casuais de violência perpetrados por guardas e reclusas; e o modo inoperante e absurdo que pauta a vida institucional nas prisões, que Kushner evoca com humor e precisão. Rachel Kushner foi duas vezes finalista do National Book Award. O seu livro Os Lança-Chamas foi considerado “o melhor, mais corajoso e interessante livro do ano” por Kathryn Schulz da revista New York.