Emílio Rui Vilar — Memórias de Dois Regimes: a edificação democrática contada na primeira pessoa

Por: Marta Ribeiro a 2024-04-03

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Emílio Rui Vilar
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Milhões de animais e ainda mais milhões de emoções

Desde há milénios que os seres humanos aprenderam a domesticar várias espécies animais e fizeram delas os seus amigos especiais. É na América do Sul que está a maior concentração de espécies, no entanto as famílias de todo o planeta escolheram uma pequena minoria de espécies para um convívio em que o animal de companhia é rei. Um comportamento que tem crescido neste século e que a pandemia de covid-19 fez aumentar em muito, tendo sido o cão, aquele que é considerado o mais fiel amigo dos seres humanos, o principal escolhido.

Duas ou três ideias sobre “Artificial: a Nova Inteligência e a Fronteira do Humano”

Numa era em que a inteligência artificial se prepara para redefinir o nosso mundo, muitos de nós continuam a ignorar as suas complexidades e implicações. O avanço da tecnologia ocorre de forma tão rápida que frequentemente nos vemos descompassados, incapazes de prever os efeitos que terá tanto nas nossas vidas pessoais quanto profissionais. Para preencher esse vazio, Mariano Sigman, físico e figura cimeira internacional nos domínios da neurociência, e Santiago Bilinkis, empreendedor e tecnólogo, escreveram Artificial: a Nova Inteligência e a Fronteira do Humano (Temas e Debates), que acaba de chegar às nossas livrarias.

Os animais de estimação mudam a nossa vida

Os animais de estimação são aliados da nossa saúde e mudam a nossa vida, mas como e porquê? Os animais fazem parte da nossa vida desde sempre, em todos os contextos (alimentação, vestuário, produtos de beleza, arte, ciência, trabalho, etc.). Mas será que a relação entre humanos e animais traz benefícios? E porquê? É isto que vamos tentar perceber com o apoio da investigação científica. A ideia de que viver com um animal pode melhorar a saúde humana, o bem-estar psicológico e a longevidade tem sido chamada "efeito de animal de estimação". Apesar de a maioria das pessoas referir os benefícios que os animais trazem à sua vida, essas crenças pessoais não constituem uma prova científica. Portanto, temos de olhar para os estudos que têm sido realizados ao longo dos anos.

Emílio Rui Vilar — Memórias de Dois Regimes, editado pela Temas & Debates, revisita a vida do homem que empresta o nome ao título. O livro é uma transcrição de entrevistas que os autores (António Araújo, Pedro Magalhães e Maria Inácia Rezola) fizeram, ao longo de vários meses, a Emílio Rui Vilar, e conta com várias notas bibliográficas de mais de duzentas personalidades, fotografias e documentos que o enriquecem.

Em Portugal também temos a nossa versão do clássico “Onde estavas no 11 de Setembro?”, o “Onde estavas no 25 de Abril?” Emílio Rui Vilar ouviu na rádio que todas as pessoas deviam manter-se em casa e por lá ficou, mas só até à hora de almoço. Pensou: “É uma estupidez eu estar aqui fechado em casa” e, com Manuel Ferreira Lima, seu vizinho e futuro ministro dos Transportes e Comunicações do II Governo Provisório, meteu-se no carro para ver o que se passava. Foram barrados no Marquês de Pombal e acabaram por não conseguir chegar perto da Revolução, mas, nesse dia, abriu uma garrafa de champanhe. Cinquenta anos depois, o 25 de Abril vai ser passado de forma diferente: “Espero estar em casa, a ler ou a escrever e, se estiver bom tempo, a tratar do jardim”, contou à Somos Livros.

O agora presidente do Conselho de Fundadores da Fundação de Serralves contou à Somos Livros que aceitou o convite dos autores “depois de alguma reflexão” e por três razões. Primeiro, por serem pessoas de “alta idoneidade científica que asseguravam o contraponto da objetividade e do rigor ao inevitável subjetivismo do exercício”. Depois, porque, admite, a família já há muito o incentivava a registar a sua experiência de vida. E, finalmente, um “quase dever de cidadania”, por ter participado ativamente num período tão efervescente e intenso como foi o final do antigo regime e os primeiros anos de democracia.

 

E, finalmente, um “quase dever de cidadania”, por ter participado ativamente num período tão efervescente e intenso como foi o final do antigo regime e os primeiros anos de democracia.


O livro divide-se em dez partes, organizadas no tempo e no espaço. Começa no Porto, onde se fala da infância e juventude, passa para a vida universitária em Coimbra, depois, para o serviço militar em Angola. A seguir, o regresso à vida civil e a criação da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social), na altura das eleições de 1969. Finalmente, o 25 de Abril, os três governos provisórios (dos quais fez parte), o 11 de Março, governar em revolução e o que se seguiu. A vida de Emílio Rui Vilar é uma sucessão de cargos nacionais e internacionais. Ainda hoje, aos 84 anos, reúne vários, todos em regime pro bono: desde a presidência da Comissão de Ética do Banco de Portugal até à integração do Conselho Consultivo do Museu das Convergências.

Confessa que a vida lhe deu muitas oportunidades e muitos desafios que não desperdiçou: “Desde os tempos de estudante, em Coimbra, que tive a sorte de ver realizadas iniciativas que empreendi ou tarefas que me foram confiadas, congregando vontades, liderando equipas, definindo objetivos, apontando caminhos e tendo a recompensa de ver a missão cumprida”. É difícil escolher, entre tantos cargos, qual o marcou particularmente, mas destaca dois “pela dimensão institucional”: os de presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e da Fundação Calouste Gulbenkian. Na CGD, na qual iniciou funções em 1989, destaca “a transformação de uma instituição com privilégios num banco universal e plenamente concorrencial”. Considera que a Fundação Calouste Gulbenkian, na qual atualmente é Senior Advisor, é “ímpar e única na cultura, na ciência, na educação e no desenvolvimento humano”.

A primeira vez que apareceu na televisão foi logo a seguir ao 25 de Abril, enquanto representante da SEDES, fundada em 1969. No dia 30 de abril, foi entrevistado por Fernando Balsinha, a propósito do momento político que se vivia e as comemorações do primeiro 1.º de Maio em liberdade. Conta que na SEDES discutiram muito sobre se desfilariam ou não, mas acabaram por não ir por uma questão prática: não tinham uma bandeira. Ainda assim, Emílio Rui Vilar foi desfilar naquele mítico Dia do Trabalhador, mas como civil. Depois disso, foi secretário de Estado entre maio e julho de 1974, ministro da Economia entre julho de 1974 e março de 1975 e, depois de aprovada a Constituição e das eleições de 1976, ministro dos Transportes e Comunicações do I Governo Constitucional. Em Emílio Rui Vilar — Memórias de Dois Regimes descreve o funcionamento dos governos em tempos em que tudo era novidade e os primeiros passos na edificação democrática.

 

Em Emílio Rui Vilar — Memórias de Dois Regimes descreve o funcionamento dos governos em tempos em que tudo era novidade e os primeiros passos na edificação democrática.


Cinquenta anos depois, ficou alguma coisa por fazer? Emílio Rui Vilar diz que os três D — Democratizar, Descolonizar e Desenvolver — foram “no essencial, cumpridos” e a liberdade e restantes valores democráticos têm sido garantidos, diz. “Vivemos numa democracia com um sistema constitucional que garante a separação de poderes e as nossas eleições asseguram a representatividade, a governabilidade e a proporcionalidade”, garante. Mas deixa uma sugestão para melhorar a representatividade: a criação de círculos uninominais nas eleições.

Quanto à descolonização, “realizou-se da forma possível, nas concretas circunstâncias geopolíticas prevalecentes na época”. Acredita que tudo pode ainda ser aperfeiçoado, até porque o desenvolvimento é, “por natureza, um processo contínuo e evolutivo” e que depende não só dos cidadãos, mas também dos recursos disponíveis e de condicionantes externas.

No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, o testemunho de Emílio Rui Vilar torna-se ainda mais importante pela escassez de relatos na primeira pessoa desses tempos. Este livro passa a ser um documento histórico de muito valor por conter um relato que respeita escrupulosamente a verdade, com um apurado sentido de rigor, não só por parte do entrevistado, como dos historiadores António Araújo e Maria Inácia Rezola e do cientista político Pedro Magalhães.

 

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