10 Curiosidades sobre Haruki Murakami
Por: Sónia Rodrigues Pinto a 2020-01-13 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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Haruki Murakami é um dos autores mais influentes da literatura contemporânea. Constantemente apontado, pelo público, como um dos preferidos para o Prémio Nobel da Literatura – galardão que, até à data, ainda não lhe foi concedido -, são vários os romances que marcaram a vida dos leitores.
Fatalista, por vezes surrealista e com uma nuance de realismo mágico, há algo de absolutamente nostálgico em tudo o que escreve , permitindo sempre, ao leitor, a sua própria interpretação de qualquer história que o autor cria.
Ainda assim, e mesmo perante o sucesso internacional da sua obra, Murakami permanece discreto, submerso no seu trabalho e nos seus livros, parecendo evitar o limiar entre escritor e celebridade. Para comemorar o seu aniversário, a 12 de janeiro, partilhamos algumas curiosidades deste escritor tão singular.
1. A PAIXÃO PELO JAZZ
A paixão de Haruki Murakami por jazz não é propriamente recente; de facto, em 1978, no final dos seus 20 anos, o escritor japonês abriu um bar de jazz, ao qual lhe deu o nome de Peter Cat , em homenagem ao seu gato .
“Eu sonho. Por vezes penso que é a única coisa certa que se deve fazer.” – in Sputnik, Meu Amor
2. A EPIFANIA SURGIU COM UM JOGO DE BASEBOL
No website oficial do autor , é possível aceder a uma entrevista relacionada com uma das suas obras mais populares, Sputnik, Meu Amor , onde Murakami explica que sentiu uma urgente vontade de escrever um romance enquanto assistia a um jogo de basebol.
Esse momento fulcral, retratado como uma epifania, é descrito detalhadamente na introdução de Wind/Pinball , disponível, em inglês, no site da Literary Hub .
3. UM TRADUTOR QUE NÃO TRADUZ AS SUAS PRÓPRIAS OBRAS
Para além de escritor, Haruki Murakami é, também, tradutor. Foram muitos os seus trabalhos de tradução ao longo dos anos, mas o autor nunca teve interesse em traduzir os seus romances para a língua inglesa.
Com efeito, o escritor tem tradutores recorrentes para os seus livros , não trocando, com eles, mais do que um ou outro argumento ocasional, sobre a tradução de algumas palavras.
4. UM DOS SEUS OBJETIVOS DE VIDA PASSAVA POR TRADUZIR O GRANDE GATSBY
Num ensaio sobre tradução , o autor de A Morte do Comendador revelou que, por volta dos 30 anos, começou a afirmar que iria traduzir O Grande Gatsby , de F. Scott Fitzgerald , quando chegasse aos 60 anos. Como nunca encontrou uma versão, em japonês, que lhe agradasse, resolveu fazê-la, ele mesmo.
“Por mais talentos com que tenhas sido dotado, nem sempre consegues encher a barriga, ao passo que, se tiveres um instinto apurado, isso garante-te que nunca passarás fome.” in 1Q84
5. A MINÚCIA NO PROCESSO CRIATIVO
Para além de reescrever as suas obras diversas vezes, até estar satisfeito com o resultado, não há nada que ele mais abomine do que o primeiro rascunho.
Numa entrevista ao The Guardian , em 2014, refere que os primeiros rascunhos são como “uma espécie de tortura” para o autor, garantindo que, à medida que vai reescrevendo e editando, fica mais feliz e realizado ao ver o seu trabalho a ficar cada vez melhor.
6. MURAKAMI NÃO GOSTA DE PRAZOS
Na mesma entrevista ao jornal britânico, o autor japonês admitiu não gostar dos prazos com que é confrontado para entregar as suas obras. “Não gosto de prazos… Quando estiver acabado, está acabado. Mas antes disso, nunca está terminado.”
7. A OPINIÃO DA SUA MULHER É IMPORTANTE
Yoko Takahashi é uma presença constante na vida de Haruki Murakami. Casados desde 1971, conheceram-se na Universidade de Waseda, em Tóquio – e nunca mais se separaram.
Em várias entrevistas, o escritor revelou que a mulher é a primeira leitora de qualquer uma das suas obras, ajudando-o no processo criativo e sugerindo-lhe quando deve parar de escrever um rascunho.
8. UM ESCRITOR SEM AMIGOS-ESCRITORES
Com a excepção de nomes como Mary Morris , Joyce Carol Oates e Toni Morrison , mencionados de forma muito breve em What I Talk About When I Talk About Running , Murakami nunca se deu ativamente com a comunidade literária, justificando-se com o facto de ser solitário por natureza , o que fez com que, ao longo da sua vida, nunca participasse em grupos. .
“Se apenas leres os livros que toda a gente lê, apenas podes pensar o mesmo que os outros estão a pensar.” in Norwegian Wood
9. GATOS EM TODO O LADO
Os gatos são uma constante na obra de Haruki Murakami. Em Kafka à Beira-Mar , por exemplo, a personagem principal, Kafka Tamura, não consegue passar por um gato sem lhe fazer festas, e em Crónica do Pássaro de Corda , a história gira em torno do gato desaparecido de Toru Okada.
Quando questionado acerca da presença constante deste animal nos seus livros, Murakami respondeu : “Deve ser porque eu, pessoalmente, gosto de gatos. Sempre os tive por perto desde pequeno. Mas não sei se eles têm outro significado.”
10. ESCREVER A PARTIR DO SUBCONSCIENTE
Um leitor regular de Murakami sabe que pode esperar qualquer coisa das suas narrativas. Desde corvos que falam a peixes voadores, o surrealismo marca, de forma regular, a escrita do autor japonês. Haruki Murakami apelida-se de observador em vez de contador de histórias , afirmando escrever sempre a partir do seu subconsciente.
O escritor descreveu o seu processo criativo como uma exploração do eu. “Eu sou uma pessoa realista, uma pessoa prática, mas quando escrevo ficção vou para lugares secretos e estranhos em mim mesmo”, disse em entrevista ao The Independent .
POSTAIS: LEYA / CASA DAS LETRAS
FONTES: BUSTLE, THE PARIS REVIEW, PAPERBACK PARIS