Bula Literária | "Serotonina", de Michel Houellebecq
Por: Bertrand Livreiros a 2019-06-05 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
"Serotonina", de Michel Houellebecq
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Há diversos estudos científicos que demonstram que ler melhora a nossa saúde. Neste consultório, recheado de estantes, partilhamos consigo as nossas bulas literárias. Dentro dos livros, há remédios para todos os males. Encontre o mais adequado para si, atente aos efeitos secundários e siga a posologia recomendada.
Quem sabe se a (sua) cura não passa por aqui?
A crise de meia-idade é uma expressão, criada na década de 1960, para descrever uma forma de insegurança, sofrida por determinadas pessoas, quando se apercebem que estão a transitar para uma idade mais avançada e a deixar para trás o período da sua juventude. Vem, geralmente, associada a uma série de factores, desde casos extraconjugais, à andropausa ou menopausa e até a uma insatisfação com a carreira profissional. A depressão, por seu lado, é descrita por Ella Berthoud e Susan Elderkin , no livro Remédios Literários , como uma escala móvel, que varia entre uma zona moderada, onde nos encontramos de vez em quando, "naqueles dias ou períodos em que corre tudo mal" , até à outra ponta da escala, a da depressão clínica, que não é propriamente fácil de tratar.
A serotonina é denominada como a molécula da felicidade . O novo romance de Michel Houellebecq mexe em sentimentos de alheamento e solitude, representados através do olhar de Florent-Claude Labrouste. Com quarenta e seis anos, este protagonista descobre algum alento através de um antidepressivo que liberta serotonina mas que, em contrapartida, lhe rouba aquilo que poucos homens estariam dispostos a perder.
Uma história impiedosa, irónica, um tanto profética, e o remédio que lhe recomendamos hoje.
SEROTONINA, DE MICHEL HOUELLEBECQ
Indicado para: Crise de meia-idade, depressão, alienação, solidão, desamor, diminuição da líbido, críticos da Política Agrícola Comum, da globalização e da (suposta) decadência do Ocidente;
Efeitos Secundários: Rejeição dos antidepressivos, apetência para balanço de vida, risco de rutura radical com o passado, reinvenção, adoção da atenção plena e consciente como filosofia de vida, incremento do otimismo e da esperança;
Posologia: Ler ao ar livre em dias de sol; terminado o livro, prosseguir para a leitura de Meditação e Mindfulness , de Andy Puddicombe .
