Comunidade Bertrand | Ministério dos Livros (Nuno Coelho)

Por: Sónia Rodrigues Pinto a 2020-03-11 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa

Daniel Silva

Daniel Silva

Daniel Silva foi jornalista e trabalhou para a UPI, primeiro em Washington e depois no Cairo, como correspondente para o Médio Oriente. Nesse período cobriu diversos conflitos políticos e a guerra Irão-Iraque. Conheceu a sua mulher, correspondente da NBC, e regressaram aos Estados Unidos, onde Daniel Silva foi produtor da CNN durante vários anos, tendo sido responsável por alguns programas muito populares, como Crossfire, The International Hour e The World Yoday, entre outros. Em 1997, logo após o êxito do seu primeiro livro, The Unlikely Spy, Daniel Silva resolveu dedicar-se por completo à escrita, tendo entretanto publicado diversos best-sellers mundiais.
O Washington Post coloca-o «entre os melhores jovens autores norte-americanos de literatura de espionagem» e é com frequência comparado a Graham Greene e a John Le Carré. Vive em Washington D. C., com a mulher e dois filhos.

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Jostein Gaarder

Jostein Gaarder

Nascido em Oslo, em 1952, Jostein Gaarder foi durante vários anos professor de Filosofia numa escola secundária em Bergen. Desde os anos 1980, publicou diversos contos e romances, tendo sido distinguido com importantes prémios literários. O Mundo de Sofia foi publicado pela primeira vez na Noruega em 1991, constituindo desde logo um extraordinário êxito de vendas. Publicado em mais de 60 países, venceu importantes prémios. A Editorial Presença publica a obra do autor em Portugal. Jostein Gaarder vive em Oslo, com a mulher e os dois filhos.

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George Saunders

George Saunders

Valioso cronista dos absurdos da vida moderna, George Saunders (Texas, 1958) é professor de escrita criativa na Universidade de Syracuse, em Nova Iorque, e o seu inusitado percurso de vida levou-o de Chicago e Samatra à colaboração literária com a New Yorker nos anos 90. Inspirado pelo realismo sujo de Raymond Carver e pelas proezas estilísticas de Donald Barthelme, Saunders legou-nos as premiadas coletâneas de contos CivilWarLand in Bad Decline (1996), Pastoralia (2000), In Persuasion Nation (2006) e Dez de Dezembro (Ítaca, 2016), que lhe valeram elogios de David Foster Wallace, Zadie Smith e Thomas Pynchon. Soube na perfeição, e com um humor negro e incómodo, cruzar a literatura, o poderoso caos contemporâneo e uma crítica mordaz ao capitalismo e ao consumismo.

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José Saramago

José Saramago

Prémio Nobel de Literatura, 1998

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»
Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos "serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas", no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor.

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Yuval Noah Harari

Yuval Noah Harari

Yuval Noah Harari é historiador, investigador e professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém, considerada uma das melhores instituições de ensino a nível internacional. Doutorado em História pela Universidade de Oxford, Harari tem-se dedicado ao estudo e ensino da História, encorajando os seus alunos a questionar os conhecimentos e ideias que têm por garantidos sobre a vida, o mundo e a humanidade.

Harari foi duas vezes vencedor do Prémio Polonski para Criatividade e Originalidade nas Disciplinas de Humanidades, em 2009 e 2012.

É autor de numerosos artigos científicos e de dois livros, publicados em Portugal pela Elsinore: Sapiens: História Breve da Humanidade (2013), Homo Deus: História Breve do Amanhã (2017) e 21 Lições para o Século XXI (2018), todos bestsellers internacionais, traduzido em múltiplas línguas e recomendados por personalidades como Barack Obama e Bill Gates.

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Últimos artigos publicados

Michel Desmurget: “Não encontrei nada para combater os efeitos negativos dos ecrãs que fosse tão fundamental como a leitura”

Depois de, em 2021, ter alertado para o efeito que a exposição aos dispositivos digitais está a ter no cérebro e desenvolvimento das crianças e jovens, no livro A Fábrica de Cretinos Digitais, publicado em Portugal pela Contraponto, o neurocientista Michel Desmurget revela agora que a leitura é o remédio perfeito para combater esses efeitos negativos. No novo livro — Ponham-nos a Ler!, lançado pela mesma editora —, o também diretor de investigação do INSERM (Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica francês) dá a conhecer os benefícios de ler, que é, avisa, “muito mais do que juntar letras, é compreender o que se está a ler”. A leitura é fundamental para desenvolver a linguagem, a concentração e a empatia, e para o sucesso escolar e profissional, tal como é importante para compreender o mundo, e não se deixar enganar pela extrema-direita. “Se quiser ajudar os seus filhos, reduza o tempo passado em frente aos ecrãs e fomente a leitura”, aconselha Michel Desmurget.

Guilhermina Gomes: Tudo são temas para debates

São mais de quarenta anos a trabalhar na edição. O que é ser editor? Eu acho que é cada vez mais difícil responder à pergunta «o que é ser um editor». Quando se trata de um editor independente, ou quando se tratava, o editor orientava-se ou por um modelo mais comercial ou por um modelo mais literário. Quando se orientava por um modelo mais literário ou de maior qualidade, deparava com alguns confrangimentos financeiros, claro, dado que a quantidade de leitores era mais reduzida do que na edição comercial. Era e é. Por isso, tinha de arranjar uma série de meios para fazer chegar os seus livros aos leitores através da mobilização de um ficheiro de leitores atualizado e de uma certa fidelidade. Bom. O enfeudamento à banca, para financiar o negócio, nunca deu resultado com nenhum editor. Mas a independência é a independência, e os editores que têm a sua marca dentro de um grupo editorial prestam contas à administração e aos acionistas.

Filipa Leal: “A Humanidade ainda está a aprender a falar, [e] a ouvir.”

Para Filipa Leal, mais do que uma forma de dizer, a poesia é “a melhor forma de ouvir alguma coisa” — por isso, a Humanidade tem muito a aprender com os poetas. Nasceu no Porto, em 1979, e desde que aprendeu a escrever, a escrita tem sido a sua única certeza absoluta. Escreve poesia, contos, argumentos para cinema e teatro, e está editada em Espanha, em França, na Polónia, no Luxemburgo, na Colômbia e no Brasil. Das suas obras mais recentes, fazem parte o conto O Vestido de Noiva (Relógio d’Água, 2024), e o livro de poesia Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano (Assírio & Alvim, 2019), obra finalista do Prémio Correntes d’Escritas e semifinalista do Prémio Oceanos, juntamente com Vem à Quinta-Feira (Assírio & Alvim, 2016).

Foi em abril de 2019 que demos início à Comunidade Bertrand, procurando unir-nos a quem, como nós, é movido pela paixão pelos livros. Convidámos livrólicos e bloggers, de diversos quadrantes, a juntar-se a esta família, dando-lhes um espaço no nosso site e desenvolvendo diversas iniciativas, tendo em vista a promoção da leitura. 

Nuno Coelho, responsável pelo blogue Ministério dos Livros, foi um dos primeiros a aceitar o nosso desafio. O seu Ministério é um blogue dedicado exclusivamente ao mundo dos livros, onde é possível encontrar leituras, novidades, notícias, reflexões e curiosidades, tendo sempre como pano de fundo "um enorme amor pelos livros e pela leitura".

 


 

Qual é a missão do seu Ministério

Acho que não tenho importância suficiente para dizer que o Ministério tem uma missão. Diria antes que tem um duplo propósito: traduzir, em algo concreto, o amor que tenho pelos livros e pela leitura, e tentar levar a outros esse sentimento, por via da partilha de conteúdos que aumentem o número de entusiastas pela leitura, ou o número de minutos lidos per capita.

 

Os blogues sobre livros e literatura têm, ou poderão ter, alguma influência relevante na promoção da leitura?

Gosto de acreditar que sim, embora de alguma forma saiba que é um mundo algo fechado, ou seja, os blogues são maioritariamente visitados por quem já gosta de livros. Ainda assim, posso apresentar dois sucessos: um leitor que me enviou um e-mail a agradecer-me, dizendo que leu mais num mês do que tinha lido nos últimos dois anos depois de ler uma publicação que se intitulava “E você, já leu 10 minutos hoje?”; o outro sucesso é o próprio autor do blogue que hoje lê quase o dobro do que lia antes da criação do Ministério.

 

Ao navegarmos no Instagram, somos levados quase a pensar que ler está na moda. Por outro lado, em 2019, cada português comprou, em média, um livro. O que pensa destes números?

Gostava muito de dizer algo diferente, mas penso que, no que diz respeito aos livros, vivemos uma época em que é muito mais importante o parecer ao ser. É mais importante parecer que se lê do que ler, de facto. Acho que essa realidade é observável, também, quando há inquéritos sobre hábitos de leitura. Não fica bem dizer que não se lê e, por essa razão, as respostas não batem certo quando comparamos os livros que as pessoas dizem que leem, ou possuem, com os livros vendidos. Tenho muita pena que a leitura não seja encarada como algo fundamental à construção de melhores seres humanos. Acredito genuinamente que crescemos muito enquanto pessoas quando lemos mais.

 

Nuno Coelho, autor do blogue 'Ministério dos Livros'

Nuno Coelho, autor do blogue Ministério dos Livros

 

"Tenho muita pena que a leitura não seja encarada como algo fundamental à construção de melhores seres humanos. Acredito genuinamente que crescemos muito enquanto pessoas quando lemos mais." Nuno Coelho.

 

 

Quais os fatores que mais o influenciam na hora de comprar um livro?

Eu tenho sempre uma (extensa) wishlist de livros e oriento muito as minhas compras em função dela. Como vou acompanhando de perto as novidades que vão surgindo, alimento a lista em função dos livros que me vão despertando interesse. Seja no campo da ficção ou da não ficção, o livro tem de me despertar interesse. Pode ser pelo tema, pelo autor ou pela simples curiosidade.

 

Que blogues segue religiosamente?

Devo confessar que a falta de tempo me impede de seguir muita coisa. Sigo o blogue Somos Livros da Livraria Bertrand desde sempre; De Rerum Natura na área da ciência; o Delito de Opinião; e sigo pontualmente blogues na área da literatura, alguns deles membros da Comunidade Bertrand, onde espreito o que outros leitores andam a ler. Sigo ainda alguns blogues de humor, como por exemplo A Casa da Gorda

 

Que livros estão na sua mesa-de-cabeceira, neste momento?

Neste momento tenho A Mensagem, de Mai Jia, e O Pequeno Livro dos Buracos Negros, de Steven S. Gubser e Frans Pretorius. O primeiro para experienciar um autor chinês contemporâneo; o segundo para preencher a minha permanente necessidade de conhecimento no âmbito da ciência.

 

Qual é o livro da sua vida?

Devia ter uma resposta para essa pergunta, mas não tenho. Não tenho o livro da minha vida. Tenho dois ou três livros que coloco numa categoria especial. Ainda em jovem, li O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, porque me abriu outro tipo de horizontes literários e de conhecimento. Mais tarde, li Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e, mais recentemente, um livro que achei absolutamente extraordinário: Lincoln no Bardo, de George Saunders. É curioso que quanto mais leio, mais tenho a sensação que nunca terei um livro da minha vida. Acredito, isso sim, que terei outros para juntar aos três que referi.

 

Se tivesse a oportunidade de juntar três dos seus autores preferidos na mesma sala, quem seriam?

Tenho várias combinações possíveis, mas a primeira que me vem à cabeça, preocupando-me mais com o meu prazer pessoal em falar com os autores, do que com um tema comum que pudesse ser debatido, seria: Ricardo Araújo Pereira, Yuval Noah Harari e Daniel Silva. Mas facilmente encontraria mais quatro ou cinco combinações diferentes.

 

E se alguém só pudesse ler três livros ao longo da sua vida, que imprescindíveis sugeria?

Pergunta muito difícil e que pode ser respondida de vários ângulos.  Não vou entrar nos clichés do costume, pelo que, sugeriria um livro para ser lido ainda em criança, como O Principezinho de Antoine de Saint Exupéry; um livro para conhecer o verdadeiro poder da imaginação humana colocada em palavras, como Lincoln no Bardo, de George Saunders; e, finalmente, um livro que permitisse perceber de onde viemos e para onde vamos, como Homo Deus - História Breve do Amanhã de Yuval Noah Harari.

 


 

Se tem um site, blogue e/ou presença nas redes sociais e partilha desta nossa paixão pelos livros, junte-se à Comunidade Bertrand. Garantimos-lhe um lugar de destaque no nosso site - que recebe, em média, cerca de 500.000 visitas por mês - e a possibilidade de, em primeira mão, participar nos desafios e passatempos que promovemos. 

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