"Com que destreza crescem na pele", de Andreia C. Faria

Por: Bertrand Livreiros a 2020-07-22 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa

Andreia C. Faria

Andreia C. Faria

Andreia C. Faria nasceu no Porto, em 1984. Publicou Flúor (Textura Edições, 2013), Um pouco acima do lugar onde melhor se escuta o coração (Edições Artefacto, 2015) e Tão Bela Como Qualquer Rapaz (Língua Morta, 2017, Melhor Livro de Poesia / Prémio Autores SPA). Em 2019 publicou Alegria para o fim do mundo (Porto Editora, Prémio Literário Fundação Inês de Castro), volume que reúne todos os livros anteriores. Em 2020 publicou o conjunto de prosas Clavicórdio (Língua Morta).

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Sobre a obra de Andreia C. Faria, afirmou Válter Hugo Mãe que "está entre os mais urgentes, magníficos, da poesia contemporânea." Nascida no Porto em 1984, fez a sua estreia literária com o livro de poemas De haver relento, em 2008, ao qual se seguiu Flúor, em 2013. Cinco anos depois, em 2018, foi a recipiente do Prémio Autores para o Melhor Livro de Poesia, da Sociedade Portuguesa de Autores, pelo título Tão Bela Como Qualquer Rapaz

Este poema, sem título, faz parte do livro Alegria para o fim do mundo que, recentemente, foi o vencedor do Prémio Literário Fundação Inês de Castro.


Com que destreza crescem na pele, de Andreia C. Faria

Com que destreza crescem na pele 

as arestas, nódoas negras

como lagos em tardia superfície

Com que cadência a paisagem fere -

a altitude do sono

a dobra do lençol intacta

e na boca a fina lâmina do pó

desabitando-te

 

Com que saber a pele se quebra

com que constância

as linhas recuam como se amar

interrompesse

como se fosse indistinto desastre

ou criação

e avançasse em metonímia -

da água corrente a presença

da mordedura o animal

da vertigem a carne que floresce

para a morte

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