Após muita deliberação, e com o aviso explícito do diretor literário do prémio, Gaby Wood, de que não tinham permissão para dividir o prémio no valor de 50 mil libras, os jurados resolveram, ainda assim, distinguir as obras das duas autoras. “O nosso consenso foi a decisão de desrespeitar as regras e dividir o prémio deste ano para comemorar dois vencedores. São dois livros de que não queríamos desistir e quanto mais conversávamos sobre eles, mais os valorizávamos e os queríamos como vencedores. Não conseguimos separá-los”, explicou Florence.
De acordo com o Observador, Margaret Atwood, que já tinha recebido o Booker Prize em 2000, com The Blind Assassin, gracejou com o facto de o prémio ter sido dividido, dizendo que sendo “demasiado velha” e “não precisando de atenção”, ficava feliz que Bernardine Evaristo “tivesse alguma notoriedade”.
The Testaments é a sequela de A História de uma Serva, publicada 34 anos depois da obra original, continuando a distopia passada na República de Gilead e que deu origem a uma das séries mais vistas dos últimos anos, produzida pelo canal americano Hulu. Para os jurados, esta é uma obra “brutal e maravilhosa”, que chega até nós com “convição e poder” .
Com um enredo “impressionante e intenso”, Bernardine Evaristo ganha destaque com Girl, Woman, Other, uma obra sobre a Inglaterra e o que é ser mulher nos dias de hoje. Através da história de doze personagens, na sua maioria mulheres, negras e de origem britânica, a autora transporta-nos para a vida moderna, colocando-nos lado a lado com as dificuldades e contratempos de artistas, banqueiros, professores, donas de casa e mulheres das limpezas, desde a adolescência até à velhice.