Manuela Gonzaga
Natural do Porto, onde nasceu a 1951, Manuela Gonzaga viveu dos 12 aos 24 anos em África – Moçambique e Angola –, onde nasceram os seus filhos mais velhos, respetivamente André e Marta. De regresso a Portugal, em 1974, onde lhe nasceram os seus dois outros filhos, Bernardo e Paulo, a autora foi jornalista até ao ano 2000, quando passou a desenvolver a atividade de escritora e historiadora a tempo inteiro. Mestre em História da Expansão e doutoranda em História Contemporânea na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, a autora desenvolve trabalho académico nas áreas de Estudos da Mulher, Mentalidades(séculos XX e XXI) e Expansão (séc. XVI a XVIII). Prémio Femina/Matriz Portuguesa em 2021; Membro de Honra da Unión Hispanomundial de Escritores UHE Moçambique; Membro Honorário do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora, Manuela Gonzaga habituou-nos, no seu registo literário, a uma escrita profundamente sedutora e muito rigorosa, cruzando tempos, modos e geografias. A presença de África, de forma mais ou menos explícita, perpassa grande parte da sua obra. Muitos dos seus livros (romance, contos, biografia, literatura infantojuvenil) estão editados e traduzidos em francês.
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António Variações
António Variações, nascido António Joaquim Rodrigues Ribeiro a 3 de dezembro de 1944, em Fiscal, Vila Verde, foi um dos artistas mais inovadores e influentes da música portuguesa. Conhecido pela sua imagem excêntrica, estilo único e a sua capacidade de fundir diferentes géneros musicais, António Variações tornou-se uma verdadeira lenda na cultura portuguesa, apesar da sua carreira curta.
Variações cresceu numa pequena aldeia do Minho, em Portugal, numa família humilde. Desde cedo, mostrou um interesse pela música, mas foi só na juventude, quando se mudou para Lisboa, que começou a explorar seriamente as suas ambições artísticas. Após cumprir o serviço militar, emigrou para Londres e depois para Amesterdão, onde trabalhou como barbeiro e começou a desenvolver a sua estética artística, inspirando-se nas cenas culturais e musicais vibrantes destas cidades.
Ao regressar a Portugal no final dos anos 1970, António Variações começou a ganhar notoriedade pela sua aparência extravagante e pelas suas ideias musicais arrojadas, que contrastavam com a cultura conservadora da época. O seu estilo visual, que misturava elementos tradicionais portugueses com influências punk e new wave, rapidamente o destacou como uma figura única no panorama cultural português.
Foi em 1982 que Variações lançou o seu primeiro single, "Povo Que Cais Descalço" e "Estou Além", que captaram a atenção do público e da crítica. As suas canções combinavam influências da música popular portuguesa, fado, e música folclórica com o som moderno do rock e da new wave, criando algo totalmente novo e original. As letras introspectivas e, por vezes, enigmáticas, exploravam temas de identidade, amor e liberdade, ressoando com uma geração que vivia as transformações sociais do pós-25 de Abril.
Em 1983, António Variações lançou o seu primeiro álbum, Anjo da Guarda, que incluía canções emblemáticas como "O Corpo é Que Paga", "É P'ra Amanhã" e "Visões-Ficções". O álbum foi um sucesso imediato, tanto pela sua inovação musical quanto pela originalidade das suas apresentações ao vivo. A música de Variações era ao mesmo tempo profundamente enraizada na cultura portuguesa e audaciosamente moderna, rompendo com as tradições musicais e culturais da época.
No ano seguinte, em 1984, lançou o álbum Dar & Receber, que seria o seu último trabalho de estúdio. Este álbum incluía alguns dos maiores êxitos de Variações, como "Canção de Engate", "Sempre Ausente" e "Dar e Receber". A sua capacidade de transformar emoções complexas em canções simples e cativantes consolidou-o como um dos maiores artistas da sua geração.
Infelizmente, a carreira de António Variações foi tragicamente curta. Ele faleceu a 13 de junho de 1984, aos 39 anos, em Lisboa, vítima de complicações relacionadas com o VIH/SIDA, uma doença que, na altura, era pouco compreendida e altamente estigmatizada. A sua morte prematura chocou o país e deixou um vazio na música portuguesa.
Apesar da sua breve carreira, António Variações deixou um legado duradouro. Ele é amplamente considerado um dos primeiros artistas a trazer uma abordagem verdadeiramente moderna e cosmopolita à música portuguesa, abrindo caminho para futuras gerações de músicos que, como ele, não têm medo de desafiar as convenções e explorar novas fronteiras artísticas.
A sua influência continua a ser sentida na música portuguesa contemporânea. Ao longo dos anos, as suas canções foram reinterpretadas por inúmeros artistas, e a sua vida foi retratada em documentários, livros e, mais recentemente, no filme biográfico Variações (2019), que reacendeu o interesse pela sua vida e obra.
António Variações é lembrado como um verdadeiro visionário, um artista à frente do seu tempo que desafiou as normas e que, através da sua música, conseguiu captar o espírito de uma época em transformação. O seu legado é um testemunho do poder da individualidade e da criatividade, e a sua música continua a inspirar novas gerações em Portugal e além.
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