Homens imprudentemente poéticos
de valter hugo mãe
Grátis
Sobre o livro
Num Japão antigo, o artesão Itaro e o oleiro Saburo vivem uma vizinhança inimiga que, em avanços e recuos, lhes muda as prioridades e, sobretudo, a capacidade de se manterem boa gente.
A inimizade, contudo, é coisa pequena diante da miséria comum e do destino.
Conscientes da exuberância da natureza e da falha da sorte, o homem que faz leques e o homem que faz taças medem a sensatez e, sobretudo, os modos incondicionais de amarem suas distintas mulheres.
Valter Hugo Mãe prossegue a sua poética ímpar. Uma humaníssima visão do mundo.
Manuel Jorge Marmelo, Notícias Magazine
Isabel Lucas, Público
João Céu e Silva, Diário de Notícias
José Carlos de Vasconcelos, Jornal de Letras
Miguel Real, Jornal de Letras
Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras
Sílvia Souto Cunha, Visão
Fernando Sobral, Jornal de Negócios
José Tolentino Mendonça
Richard Zimler
Adolfo Luxúria Canibal
Acabei a leitura de "Homens Imprudentemente Poéticos" com uma tremenda vontade de abandonar a minha sempre crescente pilha de livros por ler e devorar a bibliografia inteira deste autor que, mesmo antes de ler, já desconfiava que seria amor à primeira leitura. Ler este livro é como caminhar por um sonho, por vezes delicado e de uma beleza que nos arranca um sorriso, por vezes duro e profundamente triste. Tendo como cenário o Japão antigo e, mais precisamente, os arredores da floresta do monte Fugi (também conhecida como a floresta dos suicidas), o imaginário que se desenvolve a partir da relação dos homens que ali vivem com a natureza selvagem da floresta, e os mitos e superstições que se constroem a partir dessa mesma relação se, por um lado, contribuem para o tom surreal que permeia toda a narrativa, por outro, funcionam como uma alegoria riquíssima de toda a humanidade. Perante a crueldade da vida e a implacabilidade da natureza, todos temos a imprudência poética de Saburo que tenta dominar a floresta ao plantar nela flores ou de Itaro que, enfrentando um futuro mergulhado na escuridão da cegueira, continua a pintar leques que ninguém compra ou da menina Matsu que, por ser cega, procura amansar o mundo a partir das suas palavras, tentando, através da beleza, obrigar a natureza e os outros à gentileza. É também isso que o oleiro Saburo faz quando, no final da narrativa, recita um poema enquanto os inimigos "distraídos pela poesia, adiavam todas as decisões". Nessa passagem, Valter Hugo Mãe descreve a capacidade que a arte e a beleza têm de nos arrancar do torpor ou da azáfama do quotidiano e, coincidentemente, faz a melhor descrição que eu poderia fazer do que senti ao ler este livro: "A vida, subitamente, era sem pressa."
A partir de uma das grandes vozes da literatura nacional, esta parábola com fascinantes personagens enlaçam-se num ambiente recheado de mitologia com o sempre tom poético, tão característico do autor. A consciencialização de uma visão humana do mundo através da imersão num Japão Antigo.
Um livro onde a Palavra se assume como o passaporte para um Japão imaginado onde as personagens cativam o leitor desde as primeiras linhas. Neste romance a Poesia e o poder da imaginação andam lado a lado encantando e surpreendendo quem lê e acompanha o decorrer da história. Simplesmente maravilhoso!
A beleza da relação significativa simbólica, a dimensão artística e a intemporalidade de "Homens imprudentemente poéticos" não se esgotam com uma só leitura. Valter Hugo Mãe revoluciona a literatura portuguesa com a sua capacidade criacionista de significar de forma estética e profundamente inovadora ao nível linguístico, semântico e sintático.