Picasso escreveu em espanhol e francês, misturando muitas vezes as duas línguas no mesmo poema; havia, contudo, uma certa metodologia no uso de ambas as linguagens. De acordo com um estudo feito pela Universidade de Victoria e a Universidade de Houston , o artista preferia referir-se a comida ou a objetos do quotidiano na sua língua materna, enquanto conceitos mais abstratos como política, religião ou sexualidade eram descritos em francês.
Para o investigador Rafael Inglada , é na poesia que Pablo Picasso aparece como verdadeiramente espanhol, devido às constantes referências ao seu país através de símbolos como a gastronomia ou a tourada.
No entanto, aquilo que mais se destaca na sua poesia é, definitivamente, a marca visual que acompanha a escrita. Os seus poemas são como quadros cubistas, semelhantes a colagens e com textos abertos que permitem uma panóplia de interpretações por parte do leitor.
As críticas dividiram-se relativamente à poesia visual de Picasso . Muitos acreditavam que ele nunca pegou num livro e que foram as conversas com os poetas de que se rodeava que influenciaram o seu trabalho enquanto poeta. O que é certo é que a poesia do artista espanhol foge ao convencional, havendo quem lhe chame quadros literários , com a representação visual e a catapulta de sensações que, muitas vezes, dificultam o sentido da sua escrita.
Ao longo de 25 anos, foram mais de 300 poemas e, inclusive, três peças de teatro . Sem entrar por linhas dúbias de qualidade versus quantidade, é certo que a intenção de Pablo Picasso de dedicar-se à poesia confirma o quão prolífico este homem foi enquanto artista.
Deixamos-lhe alguns poemas em espanhol para descobrir Picasso , o artista para quem “a pintura nunca é prosa, mas poesia que se escreve com versos de rima plástica”.