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Enfrentar o medo com elegância poética
Numa entrevista ao Correio Braziliense, em abril, Mia Couto, biólogo e poeta moçambicano, quando questionado sobre o espaço da poesia em tempos de incerteza e sobre se o medo poderia ser enfrentado com 'elegância poética', afirmou que a poesia poderia ser boa aliada em tempos de pandemia, acrescentando que, se esta ”constituir uma visão alternativa do mundo, e não apenas uma forma de arte, então ela terá poderes para enfrentar este mundo”. “Às vezes, tudo o que resta é a palavra”, concluiu. E foi com palavras e poesia que muitos quiseram vestir os dias em que, confinados, assistiam ao medo e à morte a fazerem manchetes nas televisões — a fazer lembrar os seres descritos por Platão, na sua alegoria da caverna, que vislumbravam apenas uma ténue sombra da realidade projetada nas suas paredes. Foi a alimentar os sonhos a poesia (“Ó subalimentados do sonho! A poesia é para comer.”, Natália Correia) que muitas esperas se tornaram suportáveis porque, acreditamos, tal como Juan Ramón Jimenez, que “Apoesia, como deus, como o amor, é só fé.”
"Entrevista de emprego", de Filipa Leal
Em entrevista à revista Somos Livros, Filipa Leal confessou que se fosse um poema, as primeiras palavras seriam as de um soneto de Camões que desde a adolescência vem colando nas suas mesas de trabalho: "Que dias há que n’alma me tem posto / Um não sei quê, que nasce não sei onde, / vem não sei como e dói não sei porquê". Nasceu no Porto em 1979, e é poeta, jornalista e argumentista. Publicou o seu primeiro livro, lua-polaroid, em 2003, ao qual se seguiram oito títulos de poesia, entre os quais A Cidade Líquida, O Problema de Ser Norte, A Inexistência de Eva, ou, o mais recente Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano. Atualmente, colabora com o programa semanal Literatura Aqui, da RTP2, vencedor do Prémio SPA para Melhor programa de Entretenimento 2017.O poema "Entrevista de emprego" faz parte do livro Vem à Quinta-feira, o primeiro livro da autora a ser publicado pela editora Assírio e Alvim.
Filipa Leal: “A poesia é como ter uma chave fixa do Euromilhões”.
É sempre com algum deslumbramento e muito medo que se parte para uma conversa com uma poeta viva. Os poetas mortos são mais fáceis de retratar. A coisa complica-se se tivermos por hábito devorar a poesia dessa autora e, pior, se um dos seus poemas teve, um dia, o descaramento de nos fazer chorar. Tropeçamos logo numa frase que a Filipa disse numa entrevista: “Como jornalista, tenho o maior respeito por quem me faz as perguntas certas (…)”. A partir daqui, é ter fé na prosa e acreditar que não convidaremos, para a conversa, as perguntas erradas. Ela começa por pedir desculpa pelo seu poema me ter feito chorar. Há pessoas assim, das que “dão laranjas”.
Vem à Quinta-Feira
de Filipa Leal
Editor:
Assírio & Alvim
Formatos Disponíveis:
Livro
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Livrarias
Sobre o livro
Sinopse
No seu mais recente livro de poesia Filipa Leal fala-nos, com uma voz muito própria, de problemas e sobressaltos, dos dramas da sua geração mas também dos tumultos por que passaram as anteriores. «Havemos de ir ao futuro e, no futuro, estará finalmente tudo como dantes.» Desfia memórias e cartografa emoções, porque afinal «[…] buscamos no quotidiano uma estrada onde se repita o amor e a casa de algum Verão.»
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Opinião dos leitores
Detalhes do produto
Detalhes do Produto
Vem à Quinta-Feira
ISBN: 978-972-37-1877-5
Editor: Assírio & Alvim
Idioma:
Português
Dimensões: 145 x 205 x 8 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 80
Tipo de Produto: Livro
Coleção:
Poesia Inédita Portuguesa
Classificação Temática:
Livros
>
Livros em Português
>
Literatura
>
Poesia
Sobre o autor
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Assírio & Alvim
Demorei-me o máximo de tempo possível neste livro tendo em conta a vontade que tinha de o ler. No fim, acabei por o ler numa tarde, entre uma viagem de comboio e uma breve paragem no jardim que fica a caminho de casa. Quando o terminei, fiquei com a sensação que só um bom livro nos consegue dar (e, em especial, os de poesia), de ter feito um amigo novo - um que sempre existiu dentro de mim e eu apenas ainda não o tinha descoberto; porque, afinal, "andamos todos à procura uns dos outros dentro e fora de quem somos", e nas palavras da Filipa sinto que encontrei um pedaço daquilo que sou. No fundo, "apenas o contrário de um analfabeto".
As palavras da Filipa Leal têm asas e boca e um brilho que nos provoca e nos desorienta. É, indubitavelmente, uma ilusionista da palavra. Ao lê-la, sentimos que já estivemos lá, já fomos e voltamos e ninguém o contaria como ela o faz.