Prémio Nobel de Literatura, 1998
Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»
Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos "serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas", no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor.(...)
O segundo livro que li de Saramago e mais uma vez fiquei fascinada pela sua escrita e criatividade. Baseado na história de Caim, vamos acompanhar a viagem desta personagem bíblica e assistir a vários episódios da Bíblia através dos seus olhos. O olhar crítico de Caim enche as páginas de comentários irónicos e para mim, Caim representa o pensamento de Saramago perante os atos de Deus. Uma história brilhante, que nos é entregue por um escritor do qual cada vez gosto mais.
Livro muito interessante com uma ironia fantástica que torna o livro carismático. Este não é só uma história romanceada de Caim, mas sim uma tentativa muito bem conseguida de mostrar um deus cruel e caprichoso, baseado em passagens bíblicas obscuras. Uma obra de arte! Como o autor já nos habitua.
Primeiro livro que, após Memorial do convento, tive de ler de Saramago. Livro com humor que põe em causa a religião e Deus. Fiquei fã do autor após ler esta obra, passada em momentos diferentes. O desenrolar da história conta a história de Caim em várias circunstâncias com alguma crítica ao presente. Adorei principalmente a magia da comparação relativamente a história de Caim ao presente. Nobel da literatura portuguesa, uma obra a não perder.
Saramago traz-nos neste livro uma visão muito crítica da Bíblia e das suas histórias. A personagem Caim vai, ao longo do livro, atravessando várias histórias conhecidas da Bíblia como a construção da torre de Babel e vai questionando as decisões de Deus, pondo em causa as lições que hoje em dia são apregoadas pela igreja católica. Ao lermos este livro ficamos com um ponto de vista diferente e percebemos o porquê do "escândalo" aquando da saída do livro. Escrito de uma forma muito clara, sem julgamentos, mas com muitas interrogações!
Saramago tem um bom conhecimento do antigo testamento e, portanto, decide usar isso na sua arte. A história de Adão e Eva, do primeiro pecado, do primeiro homicida, transformadas em pequenas histórias envoltas em ironia e sátira constante. Damos por nós a lutar ao lado de Caim, a ter pena dele, a acompanhar a vida dele após o sucedido. Matar em nome de Deus, a justificação de uma fé cega, a história de um Deus que não nos compreende e nem tenta compreender, o grande desentendimento da humanidade com o seu criador, tudo isto representado numa ficção como só Saramago poderia construir. Até aos dias de hoje, continuo a defender Caim como uma das melhores obras do autor.
Nesta obra, na qual Deus é o vilão da história, Saramago transporta o leitor para uma série de episódios bíblicos desde Adão e Eva à Arca de Noé. Com um discurso irónico e provocador, esta é uma das obras mais divertidas de Saramago.
Saramago escreve Caim, livro profano relatando enxertos bíblicos fazendo com a personagem de Deus seja uma personagem gananciosa, invejosa, traiçoeira e impulsiva. Através de alguns excertos bíblicos faz comparações com a actualidade. As pessoas incentivam a violência, provocam ódios, guerras em nome das religiões. Saramago no livro questiona porque que temos de sofre primeiro para termos uma alegria. Saramago confronta Deus nas suas atitudes bíblicas.
Para mim, um dos melhores livros do nosso Prémio Nobel e o único livro que leio vezes e vezes sem conta. Aborda um assunto sério e religioso de uma forma deliciosa e recomendada a quem gosta de se deliciar com um bom livro. Absolutamente recomendado!