À Espera no Centeio
de J.D. Salinger; Tradução: José Lima
Sobre o livro
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
A voz do seu protagonista, o anti-herói Holden Caulfield, encontrou eco nos anseios e angústias das camadas mais jovens, tornando-o numa figura icónica do inconformismo. Da mesma forma, os temas da identidade, da sexualidade, da alienação, e do medo de existir, tratados numa linguagem desassombrada e profundamente original, fizeram de The Catcher in the Rye um símbolo da contracultura dos anos 50 e 60. Mas, passados sessenta anos sobre a sua primeira publicação, vendidos mais de 65 milhões de exemplares em quase todas as línguas, e instituído marco incontornável da literatura mundial, À Espera no Centeio mantém toda a actualidade e a frescura da rebelião.
JL
«É um lembrete permanente da doçura da infância, da hipocrisia do mundo adulto e da estranheza da terra de ninguém que fica entre uma coisa e outra.»
Lev Grossman, Time
«A literatura americana tem três livros perfeitos: o Huckleberry Finn, o Grande Gatsby e o À Espera no Centeio.»
Adam Gopnik, The New Yorker
Comentários
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Perder a inocência
Autor de um único romance, é daqueles de quem ouvimos por vezes dizer ter sido recluso da sua genialidade. Publicou algumas histórias na New Yorker logo após serviços prestados durante a Segunda Grande Guerra; em 1951, ganhou fama com o seu único romance "The Catcher in The Rye" (título que a edição portuguesa verteu para "À Espera no Centeio"); depois só lhe conhecemos alguns volumes de contos reunidos, termo de uma exposição pública que J. D. Salinger resolveu fechando-se num absoluto e eterno silêncio. Podemos olhar para o seu romance como a história de um adolescente a caminho da idade adulta, ou seja, no trilho da perda de inocência. Vários indícios apontam nesse sentido. Mas o que me leva a desconfiar de Holden Caulfield, o jovem rebelde de dezassete anos que não pretende senão contar-nos os seus últimos dias, é precisamente o facto de ele tantas vezes sentir necessidade de reforçar a verdade das suas asseverações com expressões tipicamente coloquiais tais como «fora de gozo» ou «a sério». Salinger oferece-nos, deste modo, uma voz narrativa aparentemente simples (adolescente) atravessando um estádio de vida extremamente complexo (adolescência). Oferece-nos essa voz num estado de contradições que sugere uma certa perspectiva sobre a própria condição humana.
Salinger traz-nos uma belíssima história sobre as provações da adolescência. Instável, cansado e desprovido de qualquer crença ou otimismo, Holden Caulfield é a representação mais perfeita de um adolescente moderno na história da literatura. "À Espera no Centeio" não é uma obra sobre acontecimentos. Os acontecimentos narrados são apenas um meio através do qual Salinger nos leva a refletir sobre a cultura de futilidade que prospera nas sociedades modernas. Este livro é, acima de tudo, uma história sobre Holden, sobre o que ele nos revela e o que procura; sobre uma sociedade falhada vista através dos olhos de um jovem.
O que mais me maravilhou neste livro foi a escrita. O autor dá, de uma forma perfeita, "voz" a um jovem adolescente de meados do século XX, e descreve-nos toda a sua revolta perante a vida e a sociedade. As suas alterações de humor, características destas idades, são "imitadas" na perfeição. É uma obra esplêndida de Saliger.
Uma viagem por Nova Iorque ao lado da personagem principal, um rapaz que tenta encontrar-se ao mesmo tempo que encontra outras personagens muito interessantes que o ajudam no seu caminho.
Tive algumas reservas em começar a ler, mas a curiosidade gritou. Afinal porque se fala tanto deste livro? Qual a história e a mensagem que Salinger quis passar? Esta obra tão mencionada por outros autores deixa todos com certa curiosidade para saber do que realmente trata. No final percebemos que o autor quis agitar mentalidades no sentido em que a obra é apenas a vida cheia de incertezas da personagem principal que vive momento atrás de momento na procura do seu ser. A procura essência da sua existência na pele de um anti-herói onde a simplicidade de emoções e visão de vida são apresentados num mundo aparentemente desinteressante.
Se gostou de "À Espera no Centeio", certamente irá adorar "O Coração é um Solitário Caçador" de Carson McCullers.