Valério Romão
Biografia
Nasceu em França, em 1974. Foi três vezes selecionado no concurso nacional Jovens criadores (2000, 2001, 2002), duas em prosa, uma em poesia. Foi o representante português da área de literatura na Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, em 2001, na Bósnia-Herzegovina.
Na Faculdade cursou Filosofia, área em que se licenciou. Tem escrito contos (o relojoeiro contorcionista, revista Magma; Facas na Cidade, revista Construções Portuárias), peças de teatro (Octólogo, TUP; Posse, Trindade; A Mala, CCB/Boxnova), feito traduções (V. Woolf, S. Becket) e tem colaborado com diversos artistas nacionais na definição de núcleos de sentido em peças multidisciplinares (moments of being; Beatriz Cantinho e Ricardo Jacinto; Peça Veloz Corpo Volátil; Beatriz Cantinho).
Na Faculdade cursou Filosofia, área em que se licenciou. Tem escrito contos (o relojoeiro contorcionista, revista Magma; Facas na Cidade, revista Construções Portuárias), peças de teatro (Octólogo, TUP; Posse, Trindade; A Mala, CCB/Boxnova), feito traduções (V. Woolf, S. Becket) e tem colaborado com diversos artistas nacionais na definição de núcleos de sentido em peças multidisciplinares (moments of being; Beatriz Cantinho e Ricardo Jacinto; Peça Veloz Corpo Volátil; Beatriz Cantinho).
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Mais Uma Desilusão
No seu primeiro livro de poesia, Valério Romão inscreve-se na longa tradição dos criadores cuja obra contém uma faceta de questionamento e diagnóstico da estranha e aparentemente incurável condição de se «ser português».
Partindo do reflexo ao espelho, vai contrapondo as suas próprias experiências formativas - a que não faltam as memórias de infância ou as dores de crescimento - ao território fértil em contradições e promessas de uma país órfão da sua fantasia atlântica e dos territórios que lhe correspondiam, lançado aos braços de uma União Europeia de bolsos fundos e exigências - aparentemente - razoáveis, desejoso de sacudir o mofo de cinco décadas de ditadura para finalmente chegar à tão desejada e misteriosa modernidade e, já agora e no mesmo passo, à idade adulta.
Numa altura em que a profética expressão de Marshall McLuhan, segunda a qual «o meio é a mensagem», conforma até a realidade da criação poética, vergando o verso ao cartesianismo perfeito em perpétuo fluxo, Romão opta pela latitude de uma composição incompatível com a ordenha do like contemporâneo, onde o adolescente borbulhento da máquina de jogos dos anos noventa convive com matilhas de ferozes autistas e o pesadelo de uma tropicalização radical e irremediável que acabe por transformar o rectângulo numa estância balnear de lés-a-lés e cada português num curador de memórias alheias.
Partindo do reflexo ao espelho, vai contrapondo as suas próprias experiências formativas - a que não faltam as memórias de infância ou as dores de crescimento - ao território fértil em contradições e promessas de uma país órfão da sua fantasia atlântica e dos territórios que lhe correspondiam, lançado aos braços de uma União Europeia de bolsos fundos e exigências - aparentemente - razoáveis, desejoso de sacudir o mofo de cinco décadas de ditadura para finalmente chegar à tão desejada e misteriosa modernidade e, já agora e no mesmo passo, à idade adulta.
Numa altura em que a profética expressão de Marshall McLuhan, segunda a qual «o meio é a mensagem», conforma até a realidade da criação poética, vergando o verso ao cartesianismo perfeito em perpétuo fluxo, Romão opta pela latitude de uma composição incompatível com a ordenha do like contemporâneo, onde o adolescente borbulhento da máquina de jogos dos anos noventa convive com matilhas de ferozes autistas e o pesadelo de uma tropicalização radical e irremediável que acabe por transformar o rectângulo numa estância balnear de lés-a-lés e cada português num curador de memórias alheias.