Memórias da Casa da China e de Outras Visitas
de Manuel Afonso Costa
Sobre o livro
As casas possuem uma simbologia complexa que vai da protecção e abrigo ao lúdico e ao recolhimento e contemplam uma riqueza semiótica que as torna ao mesmo tempo simples espaços de habitação prática e refúgios existenciais. A dimensão poética da casa fixa-se na ideia de Morada, no sentido em que a morada por excelência é um lugar abstracto da alma. As casas assinalam assim nas nossas vidas a diáspora existencial e peregrina, através das etapas de uma aventura material e espiritual. É mais no sentido espiritual que aqui se fala de casas, pois é nesse sentido que as casas são o lugar privilegiado para o acolhimento ou seja para a visita e para a visitação.
No sentido em que o homem habita o seu próprio ethos as casas não são mais do que a personificação material, mas simbólica, de um carácter e de um destino. É nas casas, pela sua complexa teia de significados e significações, que se realiza o Encontro. Qual a natureza desse encontro, não se dirá explicitamente aqui, mas não repugna aceitar que a casa por todos os conceitos que mobiliza, realiza a expectação de alguma coisa a que se pode chamar o Sagrado.