PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2000
Escritor, dramaturgo, crítico e pintor chinês, Gao Xingjian nasceu a 4 de janeiro de 1940, em Ganzhu, na China.
Tirou o curso de francês no Instituto de Línguas Estrangeiras em Pequim, tendo traduzido para chinês várias obras dos seus autores franceses preferidos. Durante a revolução cultural chinesa foi enviado para um campo de reeducação. Desde essa altura até 1979 foi impedido de sair do país. A partir desta data foi autorizado a publicar algumas das suas obras, que nunca foram bem acolhidas por serem consideradas uma afronta ao regime chinês.
Abandona a China em 1988 refugiando-se na França, país onde se naturalizou. Em 1989, com os trágicos acontecimentos na praça Tienamen, pertencendo à geração de dissidentes, viu as suas obras censuradas no seu país de origem.
Em 1995 publica na França aquela que é considerada a sua obra-prima La Montagne de l'âme, onde denuncia o sistema totalitário chinês. É autor de outras obras como, por exemplo, o romance Le Livre d'un homme seul (1999), os ensaios Ma conception du théâtre (1986) e Clés pour mon théâtre (1991), e as peças La fuite (1992) e Le Somnambule.
Em Portugal não existiam até 2001 traduções da sua obra e apenas se sabia que tinha sido traduzida para francês e para inglês. Apesar de pouco conhecido internacionalmente, Gao Xingjian recebeu o prémio Nobel da Literatura a 13 de outubro de 2000. Este facto causou a indignação da Associação de Escritores Chineses que consideraram a atribuição do prémio uma atitude política em vez de literária.
Para além da escrita, dedica-se também à pintura tendo participado em exposições. É autor das ilustrações das suas próprias obras.
Em 2001 foi traduzida para português a obra Uma Cana de Pesca para o meu avô e em 2002 o livro A Montanha da Alma.
(...)
Este livro de vários contos tem um especial dedicado ao avô. Uma lembrança (ou será um sonho) cuja narrativa dá-nos a perspectiva pelo olhar do neto que recorda justamente como o avô olhava para ele, uma ternura marcada para sempre. Esta leitura deixa-nos com um sentimento de carinho e o fim da história tem tanto de surpreendente como de triste: o avô não chega a receber a sua cana de pesca.
Colectânea de relatos magistralmente escrita por Gao Xingyan (vencedor do prémio Nobel da Literatura em 2000) que retrata temas como a infância, a memória e o conflito entre a tradição e a realidade. Num estilo onde se sobressai a sensualidade e retórica o autor convida-no a refletir sobre a condição humana.