Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social
de Simone Weil; Tradução: Maria de Fátima Sedas Nunes
Grátis
Sobre o livro
A civilização actual, que legará aos nossos des-cendentes pelo menos os seus fragmentos, contém em si, sentimo-lo demasiado bem, a capacidade de esmagar o homem; mas contém também, ao menos sob a forma de gérmen, a capacidade de o libertar.
Considerado pela autora como um dos seus textos mais importantes, Reflexões sobre as Causas da Liberdade e da Opressão Social (1934) parte de uma profunda análise da natureza da nossa liberdade individual para explicar como, nos sistemas políticos ou agrupamentos sociais em que vivemos, e nos moldes em que os concebemos, a liberdade é um paradoxo e a opressão uma fatalidade.
Weil vai da teoria às implicações práticas de tal concepção, revelando as múltiplas formas de opressão e dissecando os seus mecanismos, deitando por terra as esperanças numa resposta revolucionária - refém dos mesmos mecanismos, inerentes à condição humana.
Nesta feroz crítica do poder, das elites e da burocracia que germinam em qualquer regime - do capitalismo ao estalinismo -, vislumbra-se, porém, uma profética luz ao fundo do túnel. Weil escreveu estas Reflexões em 1934; mas, se acreditarmos na sua ideia de que o futuro é feito da mesma matéria que o presente, temos boas razões para nunca a deixar de ler.
À sua dimensão, este livro ocupa-se dos pilares sobre os quais pode ser erigida uma sociedade perfeita, isto é, de homens livres. Platão chamou-lhe República, Tomás Moro deu-lhe o nome de Utopia. É ainda no campo do idealismo e do utopismo que se colocam estas questões, apesar de estarmos perante uma autora a quem é impossível negar falta de coerência entre pensamento e acção. Para compreender as angústias dos operários, ela não se limitou a contemplá-los à distância. Trabalhou, ela própria, como operária. E foi dessa experiência que trouxe a sua imagem do “operário qualificado”, ser de uma civilização para a qual ainda olhamos como o burro olha para o palácio. Dotado de pensamento esclarecido e de reflexão metódica, este trabalhador é o princípio base de uma sociedade constituída por homens livres e fraternos.