Pode a Educação Especial Deixar de Ser Especial?
de João A. Lopes
Grátis
Sobre o livro
A educação especial é possivelmente um dos sectores em que é mais fácil vender ilusões, avançar com soluções milagrosas e invocar falsos sucessos. Este livro questiona frontalmente alguns conceitos e práticas apresentados como indiscutíveis nesta área, nomeadamente o inoperacional conceito de necessidades educativas especiais ou a denominada ilusão educativa, que em múltiplas situações nada mais significa que atirar alunos com deficiências para salas de aulas regulares, onde consabidamente não há condições para lhes fornecer apoio ou ensino.
Trata-se por isso de um livro contra a corrente, em que se defende intransigentemente o direito dos alunos com deficiências a receberem uma educação de qualidade e se rejeita liminarmente um modelo em que a educação é sacrificada em nome do lugar. Os autores têm como objectivo apresentar uma perspectiva da educação especial que, no seu entender, veicula a melhor evidência científica disponível relativamente aos assuntos que nele são abordados. É importante salientar este aspecto, uma vez que o denominado relativismo pós-moderno tem impregnado a educação especial com ideias e concepções que não só têm em consideração a investigação desenvolvida nesta área, como a reduzem à condição de opiniões entre opiniões, apresentado frequentemente como inútil, quando não nefasto, aquilo que é característico da ciência (como por exemplo o valor da prova ou evidência).
Os movimentos anticientíficos não conhecem fronteiras e por isso, sendo os autores deste livro portugueses e americanos, é possível constatar que as questões fundamentais com que se debate a educação especial em Portugal e nos Estados Unidos são perfeitamente miméticas. Digamos que o sistema português constitui uma cópia tardia do sistema americano, não tendo infelizmente aprendido com os erros deste último.
Este não é um livro português ou americano mas sim um livros transversal aos sistemas educativos de uma parte considerável do mundo ocidental, os quais apresentam estruturas, conceitos de base e formas de organização muito próximos, o que não é naturalmente de admirar.