História Abreviada da Literatura Portátil
de Enrique Vila-Matas
Sobre o livro
Livro de culto na obra de Enrique Vila-Matas, surgem aqui algumas marcas que perpassam toda a sua obra, como a exploração de biografias, verdadeiras ou imaginárias, de personagens escritores. História Abreviada da Literatura Portátil é uma vibrante história das vanguardas do século XX, onde se narra o percurso de um grupo de intelectuais que, em 1924, decide fundar uma sociedade secreta. Encontravam-se entre estes Duchamp, F. Scott Fitzgerald, Walter Benjamin, Cesar Vallejo, Man Ray, Tristan Tzara, Valery Larbaud, Federico García Lorca e muitos outros.
Conhecidos como portáteis, ou shandys, em homenagem ao Tristram Shandy de Laurence Sterne, este grupo, obscuro e extremamente seleto, cultiva ideais como o amor à escrita, a diversão, o espírito inovador e a autoria de obras, literárias ou plásticas, que possam caber facilmente numa pequena mala: portáteis.
História Abreviada da Literatura Portátil aposta decididamente numa imaginação radical, excêntrica, operando com suficiente eficácia para que a ficção se comprometa com a inteligência do ensaio.
Dizem tratar-se de um livro emblemático na carreira de Vila-Matas, por culpa do reconhecimento que lhe valeu à época da primeira edição. O livro terá vendido a rodos e não admira. Partindo de um suposto projecto literário do dadaísta Tristan Tzara, que consistiria na elaboração de uma «história portátil da literatura abreviada», Enrique Vila-Matas oferece-nos neste livro um divertido e curioso exercício literário que «se caracteriza por não ter um sistema a propor, mas apenas uma arte de viver». Reconhecemos facilmente os nomes dos personagens, associamo-los, inevitavelmente, a um tempo e a uma forma de viver, mas tudo o resto só é verosímil pela imaginação. Aquilo que se conta nesta história é o que a História não logra contar, ou seja, «os pilares sobre os quais assentou a sociedade secreta shandy». Fundado em Port Actif (?), uma povoação africana situada na foz do rio Níger, o shandismo sucumbirá com a autodestruição do último shandy em Sevilha. Pelo meio, ficam os episódios de uma célebre vaga de suicídios juvenis na Paris de 1924, a invenção de um método de encontrar artistas portáteis nas ruas de Paris, um violino masturbador chinês como duplo de Dalí, o método de pesar textos, etc, numa novela que pode também ser lida como uma sátira às vanguardas, mas onde, acima de tudo, se homenageia o «caos donde nascerá, por fim, a literatura».