As Leis da Fronteira
de Javier Cercas
Grátis
Sobre o livro
Uma impetuosa história de amor e desamor, de enganos e violência, de lealdades e traições, de enigmas por resolver e de vinganças inesperadas.
No verão de 1978, com Espanha a sair ainda do franquismo e sem ter entrado definitivamente na democracia, quando as fronteiras sociais e morais parecem mais porosas do que nunca, um adolescente chamado Ignacio Cañas conhece por acaso Zarco e Tere, dois delinquentes da sua idade, e esse encontro mudará para sempre a sua vida. Trinta anos mais tarde, um escritor recebe o encargo de escrever um livro sobre Zarco, transformado nessa altura num mito da delinquência juvenil da Transição. O que acaba por encontrar não é a verdade concreta de Zarco, mas uma verdade imprevista e universal, que nos diz respeito a todos. Assim, através de um relato que não dá um instante de trégua, escondendo a sua extraordinária complexidade sob uma superfície transparente, o romance transforma-se numa pesquisa apaixonada sobre os limites da nossa liberdade, sobre as motivações impenetráveis dos nossos actos e sobre a natureza inapreensível da verdade. Confirma também Javier Cercas como uma das figuras indispensáveis da narrativa europeia contemporânea.
Em toda a história moderna encontramos alterações extremas - tanto políticas como sociais - que contribuiram para um ambiente mais liberal, mais aceitável, mais aberto a novos conceitos, ideologias e liberdades. Em toda a história moderna essas mesmas aterações resultaram de contestação e conflito, de ultrapassar os limites impostos, de ir contra a Lei. É aqui que Javier Cercas entra com "As Leis da Fronteira". Num contexto histório diferente do nosso contexto político-social, mas semelhante ao contexto de muitos para além das nossas fronteiras, três personagens erguem-se contra a lei que os priva, a lei que os subjuga, a lei que os reduz a algo que não é a sua verdade. Este é o fio condutor que serve como metáfora a entender-mos que, como Jean Genet defendia, o Mundo que vemos é paralelo ao Mundo real, pois os delinquentes e os criminosos são a maior verdade que nos pode assistir. É isso que nos eleva a algo maior. A contestação revolucionária das práticas que nos oprimem. "É pecado roubar se a fome me matar?" A partir de um escrior, Javier permite ao leitor navegar numa análise que não julga nem defende aqueles que passam a margem da Lei para um propósito, por vezes altruista, e de maior relevância para "todos nós". Conseguimos ver, na sua essência, a verdade absoluta.
A biografia de Zarco, líder de um gangue juvenil na Espanha da transição, é o pretexto para Javier Cercas nos traçar um retrato de sociedade e nos fazer acompanhar as vidas de Ignacio e Tere, os verdadeiros protagonistas. O regresso de um dos maiores autores de língua espanhola ao romance, após 7 anos, não defrauda os seus leitores e conquistou, entre nós, o prémio literário Casino da Póvoa.