A Escrava Açoriana
de Pedro Almeida Maia
Grátis
Sobre o livro
No ano da Graça de 1873, o mundo pertence aos homens que cospem para o chão. Açorada por partir, Rosário oculta-se num enorme capote e capucho negro, tal como a maioria das mulheres. É uma adolescente irreverente, do contra, e desafia todas as convenções masculinas: rouba, corre descalça, luta com os punhos e até beija em público. No final do dia, lê Camilo e reza o terço com a mãe.
As Ilhas Adjacentes são um misto de encanto e de escassez, afasta- das do Reino e das promessas da Coroa. Os engajadores brasileiros aliciam os açorianos a viajar para o Império, com promessas de riqueza. A família de Rosário entrega tudo o que possui e embarca na escuridão.
Mas a viagem no navio é calamitosa, uma nuvem de pessoas atoladas na própria imundície, e a chegada ao Rio de Janeiro oferece desafios inesperados. Rosário vive como uma escrava e vê o futuro esfumar-se. Perde o rumo, a virgindade e a esperança. Precisa de reagir, mas isso implica tornar-se uma pessoa totalmente diferente.
Este livro é um romance histórico que se inicia em 1873, nos Açores, e onde conhecemos a jovem Rosário, de 15 anos. Rosário tem o sonho de um vida melhor, sem miséria e, por isso, embarca com a sua mãe no Lidador, rimo até ao Brasil. No entanto, a vida também não é fácil, e apesar de neste altura a escravatura ser proibida, a verdade é que os grandes senhores, aproveitam-se destas pessoas, levando a uma escravatura branca. Um fabuloso retrato social da época, não só dos Açores mas também do Brasil. Com uma escrita muito cuidada e pontuada de regionalismos açorianos, o que me fez adorar ainda mais esta história. Vivemos, através de Rosário, a vida de tantas mulheres açorianas que lutaram por uma vida melhor. Foi o primeiro livro que li do autor e fiquei rendida.
Mais do que um cativante romance, “A Escrava Açoriana” é um retrato histórico do País de finais do século XIX e inícios do século XX. A conjuntura política, cultural, económica e, sobretudo, social em Portugal – particularmente nos Açores –, mas também no Brasil, é aqui apresentada de forma, ao mesmo tempo, rigorosa e envolvente. Temas como a emigração ilegal, a escravatura, a prostituição e a emancipação da mulher emergem numa história verosímil e apaixonante.