Descubra mais
Pão De Açucar
de Afonso Reis Cabral
Sobre o livro
Em Fevereiro de 2006, os Bombeiros Sapadores do Porto resgataram do poço de um prédio abandonado um corpo com marcas de agressões e nu da cintura para baixo. A vítima, que estava doente e se refugiara naquela cave, fora espancada ao longo de vários dias por um grupo de adolescentes, alguns dos quais tinham apenas doze anos.
Rafa encontrara o local numa das suas habituais investidas às zonas sujas, e aquela espécie de barraca despertou-lhe imediatamente o interesse. Depois, dividido entre a atracção e a repulsa, perguntou-se se deveria guardar o segredo só para si ou partilhá-lo com os amigos. Mas que valor tem um tesouro que não pode ser mostrado?
Romance vertiginoso sobre um caso verídico que abalou o País, fascinante incursão nas vidas de uma vítima e dos seus agressores, Pão de Açúcar é uma combinação magistral de factos e ficção, com personagens reais e imaginárias meticulosamente desenhadas, que vem confirmar o talento e a maturidade literária de Afonso Reis Cabral.
A originalidade da narrativa reside precisamente neste ponto de vista, que faz de Pão de Açúcar uma espécie de romance de (de)formação, um texto que relata a formação de um grupo que se reúne num assassinato, na passagem da infância para a adolescência. A ambivalência de sentimentos de todos e cada um em relação a Gisberta mostra que não há trajetos lineares para o crime, nem fatalidades sociológicas num caso que é mais complexo ficcionalmente do que o relato jornalístico habitualmente revela. Neste processo, o narrador não exibe estados de alma nem reivindica anátemas sociais; e é isso, sobretudo, que torna o romance tão descarnadamente efetivo, tão pungentemente cruel. Neste huis-clos que é a cave de um edifício abandonado, onde tudo se joga e tudo se precipita, não há anjos nem demónios, apenas seres deixados à sorte dos seus instintos mais primários. O narrador não condena nem atenua as culpas: todos as têm, no tecido esgarçado deste romance, que é uma das obras ficcionais portuguesas mais arrebatadoras e poderosas dos últimos anos.
António Mega Ferreira jurado do Prémio Literário José Saramago de 2019
Comentários
-
Pão Azedo
Gostei de ´´O meu Irmão´´. Não gostei de ´´Pão de Açúcar´´. A grande diferença está na genuinidade que transpira num e não dá sinais no outro. A Gisberta merecia um relato muito mais humano, menos presunçoso, mais aprofundado, com uma pesquisa que dignificasse mais uma das maiores tragédias nacionais do século XX. Compreendo que se humanizem os assassinos, mas não que se dê ideia de uma descrição realista que depois não é mais do que uma cínica transformação, um jogo de marionetas em que o autor é rei. Não gosto de fazer isto. Sou autor. Magoar os meus livros é magoar-me a mim. Mas o que tem de ser tem muita força. E a minha solidariedade para com a Gisberta é mais forte do que qualquer página deste livro.
-
Sem filtros
História que concilia a ficção com os factos ocorridos, culminando neste livro maravilhoso. As descrições que o autor faz das ruas típicas portuguesas e da interação do povo, tudo fluiu tão bem que dá gosto ler assim um livro da nossa terra. Depois a simplicidade da escrita de Afonso, sem floreados e sem filtros.
-
Até onde o preconceito pode levar
Afonso Reis Cabral mais uma vez não desilude. Regressa com mais um romance arrebatador. Esta não é uma história bonita, mas é uma história que precisa de ser contada. Não é um livro leve, mas é um livro que todos deveriam ler. Mostra nos até onde o preconceito pode levar... Baseado numa história verídica este livro veio para nos mostrar o quão importante é a tolerância e o respeito pelos outros.
- ver menos comentários ver mais comentários
Detalhes do produto
Detalhes do Produto
eBooks > eBooks em Português > Literatura > Ficção
Um romance sobre um crime real que chocou o país na altura. Uma história que deve ser falada e recordada para que não se volte a repetir uma brutalidade deste género. Um autor jovem português que promete, com uma escrita cativante que torna a leitura fluída. Por fim, uma história real que nos deixa a contemplar uma questão, o que leva um grupo de jovens, praticamente crianças, a cometer ações tão violentas recheadas de ódio. Um dos livros que mais gostei de ler nos últimos tempos.
Uma história que foi muito falada na comunicação social, pois trata-se de um grupo de jovens que assassina brutalmente uma transsexual que vivia num prédio abandonado que na altura tinha sido construído para ser um supermercado chamado "Pão-de-açúcar", que ficou com a construção a meio por motivos burocráticos
Um livro que se lê muito bem com uma narrativa fluída. Combina bem as personagens, umas reais outras ficcionadas, construindo com mestria e de forma simples esta história onde a realidade se confunde com a ficção num episódio que Portugal viu acontecer. Apesar de tudo não podemos esquecer que esta história aconteceu de facto e com contornos macabros.