Mário Beja Santos
Biografia
Toda a sua vida profissional, entre 1974 e 2012, esteve orientada para a política dos consumidores. Ao nível da sua participação cívica e associativa, mantém-se ligado à problemática dos direitos dos doentes e da literacia em saúde, domínio onde já escreveu algumas obras orientadas para o diálogo dos utentes de saúde com os respetivos profissionais, a saber Quem mexeu no meu comprimido?, 2009, e Tens bom remédio, 2013. Doente mas Previdente, dá continuidade a esta esfera de preocupações sobre a informação em saúde, capacitação do doente, o diálogo entre os profissionais de saúde, os utentes e os doentes.
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Guiné - Bilhete de Identidade
Uma identidade equívoca, na Senegâmbia:
A Guiné, a nossa pedra no sapato no III Império
Tudo começa por um conjunto de navegações: dobrado o Cabo Bojador, descoberta a Angra dos Ruivos, o Rio do Ouro, a Pedra da Galé, o Cabo Branco e Arguim, Nuno Tristão chega à Terra dos Negros, ultrapassa a Terra dos Pardos, reclama-se que chegámos à Etiópia Menor - não estávamos longe do Níger (pensava-se). Anos depois, talvez em 1446, Álvaro Fernandes chega à enseada de Varela (curiosamente uma praia na fronteira norte da Guiné-Bissau). Não se assentam arraiais, pois não há condições de ocupação.
Vai começar o comércio e um conjunto de viagens e relatos que permitirão conhecer a complexidade daquele mosaico étnico, predominantemente entre o Cabo Verde (hoje Senegal) e a Serra Leoa, região que passará a ser designada por Senegâmbia. Os navegantes exploram rios, como o Gâmbia, o Senegal, o Geba, o Grande de Bolola. O comércio circunscreve-se às rias e rios, começa a surgir uma comunidade luso-africana que colaborará neste comércio de homens e mercadorias, comércio feito com as chefaturas africanas. E os navios regressam a Lisboa ou levam escravos para as Américas.
No estado atual dos conhecimentos, ainda não há um entendimento rigoroso dos chamados impérios que precederam a chegada dos portugueses à região, com exceção dos resquícios do Império do Mali, o Kaabu. E mesmo quando os portugueses se estabeleceram em praças, presídios e feitorias, houve uma apreciável mobilidade de populações. Quando os Fulas, vindos do Futa-Djalon, derrotaram os Mandingas e se travaram as sangrentas guerras do Forreá, ocorreu um quase terramoto demográfico. Presença portuguesa ténue, equívoca, sem ocupação.
Este volume abarca o período entre o século XV e o século XIX, relatando a dependência do comércio de Cabo Verde, a forte concorrência britânica, francesa, holandesa e espanhola, a fortificação de Cacheu, as ondas de missionários e o seu pouco sucesso, as assinaláveis perdas havidas durante a União Ibérica, o esforço depois da Restauração, com Cacheu, Bissau, Farim e Ziguinchor. E as permanentes ameaças dos franceses, a norte, e dos britânicos, a sul. Tudo começa com a Crónica da Guiné de Zurara, estendendo-se a Honório Pereira Barreto, um verdadeiro fundador do território que dará pelo nome de Guiné.
A Guiné, a nossa pedra no sapato no III Império
Tudo começa por um conjunto de navegações: dobrado o Cabo Bojador, descoberta a Angra dos Ruivos, o Rio do Ouro, a Pedra da Galé, o Cabo Branco e Arguim, Nuno Tristão chega à Terra dos Negros, ultrapassa a Terra dos Pardos, reclama-se que chegámos à Etiópia Menor - não estávamos longe do Níger (pensava-se). Anos depois, talvez em 1446, Álvaro Fernandes chega à enseada de Varela (curiosamente uma praia na fronteira norte da Guiné-Bissau). Não se assentam arraiais, pois não há condições de ocupação.
Vai começar o comércio e um conjunto de viagens e relatos que permitirão conhecer a complexidade daquele mosaico étnico, predominantemente entre o Cabo Verde (hoje Senegal) e a Serra Leoa, região que passará a ser designada por Senegâmbia. Os navegantes exploram rios, como o Gâmbia, o Senegal, o Geba, o Grande de Bolola. O comércio circunscreve-se às rias e rios, começa a surgir uma comunidade luso-africana que colaborará neste comércio de homens e mercadorias, comércio feito com as chefaturas africanas. E os navios regressam a Lisboa ou levam escravos para as Américas.
No estado atual dos conhecimentos, ainda não há um entendimento rigoroso dos chamados impérios que precederam a chegada dos portugueses à região, com exceção dos resquícios do Império do Mali, o Kaabu. E mesmo quando os portugueses se estabeleceram em praças, presídios e feitorias, houve uma apreciável mobilidade de populações. Quando os Fulas, vindos do Futa-Djalon, derrotaram os Mandingas e se travaram as sangrentas guerras do Forreá, ocorreu um quase terramoto demográfico. Presença portuguesa ténue, equívoca, sem ocupação.
Este volume abarca o período entre o século XV e o século XIX, relatando a dependência do comércio de Cabo Verde, a forte concorrência britânica, francesa, holandesa e espanhola, a fortificação de Cacheu, as ondas de missionários e o seu pouco sucesso, as assinaláveis perdas havidas durante a União Ibérica, o esforço depois da Restauração, com Cacheu, Bissau, Farim e Ziguinchor. E as permanentes ameaças dos franceses, a norte, e dos britânicos, a sul. Tudo começa com a Crónica da Guiné de Zurara, estendendo-se a Honório Pereira Barreto, um verdadeiro fundador do território que dará pelo nome de Guiné.
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