«O ingresso na escola e os primeiros anos de frequência constituem um ponto de viragem no percurso de vida de uma criança. Sendo bem-sucedido, será raiz e garante do sucesso nas aprendizagens futuras.
Desenvolver-se mentalmente e aprender interpenetram-se nos humanos - o que depende de subtis condicionamentos da sã convivência dentro da comunidade local e do grupo de pares, e determina igualmente a capacidade de encontrar prazer na inovação. A este primeiro nível, a instrução sistemática - incluindo as letras, os números e o exercício sensorial, motor e conceptual - deveriam estar intercalados com o brincar livre, a fantasia e actividades construtivas. Pelo contrário, alastra-se nas escolas o tempo de treino das competências académicas tornadas fardo doloroso. O desafio de aprender as artes do ler-escrever-contar (enquadrado nos processos de treinamento mecânico que preenche o tempo escolar) torna-se para algumas crianças, sobretudo as mais vivas ou as mais imaginativas, numa experiência abafadora da memória e da inteligência, em que sentem ser diferentes dos outros meninos que aprendem. Sentem-se sem préstimo face a uma tarefa apontada como prova de ser crescido - a qual muitas vezes exige apenas o estar quieto e calado durante mais tempo.»

Da Introdução