Júlio César Machado
Biografia
Júlio César da Costa Machado (Lisboa, 1835-1890) nasceu numa família de posses e conviveu desde cedo, pela mão do pai, no meio literário e teatral lisboeta. Foi jornalista, tradutor, autor de romances, contos e peças de teatro, destacando-se como um dos mais célebres folhetinistas e cronistas do seu tempo. Publicou o seu primeiro romance, Estrela d’Alva, com apenas 14 anos, na revista A Semana, de Camilo Castelo Branco, de quem se tornaria amigo íntimo. O seu pai morreu em 1852, deixando-lhe dívidas que o obrigaram a obter, desde jovem, rendimento da escrita. Tornou-se tradutor, folhetinista, cronista, colaborando em dezenas de periódicos: A Revolução de Setembro, Revista Universal Lisbonense, Diário de Notícias, Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, Revista Ocidental, Ilustração Portuguesa, Eco Literário, este último cofundado por si em 1886. Os seus textos eram simultaneamente populares e apreciados pelos pares, que lhe admiravam o humor, o estilo coloquial e ligeiro, a atenção aos temas do quotidiano. Publicou vários livros, nomeadamente Cláudio (1952), A Vida em Lisboa (1958), Contos ao Luar (1861), Cenas da minha Terra (1862) e Contos a Vapor (1863). Muitos dos seus folhetins e crónicas de viagem, entre os quais Do Chiado a Veneza, foram reunidos em volume. Em 1890, na sequência do suicídio do seu filho único, Júlio César Machado pôs termo à vida.
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Do Chiado a Veneza
Júlio César Machado ruma a Veneza em vésperas da Terceira Guerra da Independência italiana (1886). Ao cronista em viagem, contudo, a convulsão política pouco interessa. Aquilo que o move, fazendo jus à sua dedicação às artes de palco, é acima de tudo poder frequentar os teatros, rendido ao sentimento musical dos italianos. Com enorme graça, acutilância de observação e linguagem apurada, as crónicas e as efabulações desta viagem - um bestseller no seu tempo - fizeram as delícias dos leitores oitocentistas, e é de elementar justiça dá-las a conhecer ao século XXI.