Jean-Paul Sartre
Biografia
Jean-Paul Sartre nasceu em Paris a 21 de junho de 1905. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde despertou o seu interesse pela filosofia e conheceu aquela que viria a tornar-se a sua companheira de vida, Simone de Beauvoir. Em 1938 publicou o seu primeiro romance, A Náusea, texto centrado no tema do absurdo da existência que não só alcançou imediato êxito literário como desde logo anunciou Sartre como um dos expoentes do pensamento filosófico francês do século xx. Desdobrando a sua atividade literária pelos mais diversos géneros, destacam-se da sua obra os ensaios O Ser e o Nada e Crítica da Razão Dialética, peças de teatro como As Moscas e As Mãos Sujas ou a autobiografia As Palavras. Em 1964 foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, que recusou como protesto contra os valores da sociedade burguesa. Morreu a 15 de abril de 1980, em Paris.
partilhar
Em destaque VER +
As Palavras
Jean-Paul Sartre era uma criança de colo quando o pai morreu. Esse acontecimento, considera, moldou definitivamente a sua vida: se a mãe se viu acorrentada ao triste papel de jovem viúva, ele cresceu livre, adorado por todos, acolhido em especial por um avô dedicado que lhe abriu as portas da sua biblioteca e o convidou a explorá-la. «Comecei a minha vida como provavelmente a irei terminar: no meio dos livros», lemos nestas páginas dadas à estampa poucos meses antes de a Academia Sueca anunciar a atribuição a Sartre do Nobel da Literatura, em 1964. Evocando a França provinciana do período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e uma infância entregue a uma imaginação sem limites, alimentada pela leitura e pela descoberta da escrita, As Palavras é simultaneamente o retrato de um tempo, uma reflexão sobre o lugar dos livros e da linguagem na construção da experiência humana e uma brilhante autoanálise de um dos maiores pensadores do século xx.
Tudo me pareceu simples: escrever é acrescentar uma pérola ao colar das Musas, deixar para a posteridade a recordação de uma vida exemplar, defender o povo contra si mesmo e contra os seus inimigos, atrair para os homens, através de uma Missa solene, a bênção do Céu. Não me veio à cabeça a ideia de que se pudesse escrever para ser lido.
Tudo me pareceu simples: escrever é acrescentar uma pérola ao colar das Musas, deixar para a posteridade a recordação de uma vida exemplar, defender o povo contra si mesmo e contra os seus inimigos, atrair para os homens, através de uma Missa solene, a bênção do Céu. Não me veio à cabeça a ideia de que se pudesse escrever para ser lido.