Uma falha nos dentes
Livro 5
de João Gesta
Grátis
Sobre o livro
«O que João Gesta escreve é eminentemente resistência, uma natureza avessa, coisa da contracultura que não se apazigua, não se disciplina. O seu efeito não é atinente ao arrumado pelas classificações comuns, sua poética é apoética ou disfarçada de parangona, protesto de parede, boato nada dissimulado.
A obra discreta de João Gesta representa um dos casos mais genuínos de coerência na corrosão do politicamente correcto. A ironização profunda da realidade, incluindo-se nas figuras sempre falhas e de que o mundo se faz, o seu tom impiedoso é sobretudo uma forma de terna desconstrução. Seu humor é sem violência, muito ao contrário, aqueles a que alude mais quer dominar sexualmente do que eliminar da face da terra.
A sexualidade sinuosa, meio a prometer em cada verso, é fundamental para se entender quanto sua intenção é tanto um modo de desmascarar quanto de sedução e, nesse sentido, verdadeiramente não há opostos, proscritos ou santos. Tudo converge e pode participar, todos convergem e podem participar e ser amados. A mundividência de João Gesta não admite preconceitos como, desde logo, não aceita pudores entre a erudição e a coloquialidade. Da política à música, da espiritualidade à poesia, a vida pousa toda no livro de Gesta sem tretas.
Na tradição de O'Neil ou César Monteiro, a espaços, acompanhado por Daniel Maia-Pinto Rodrigues, João Habitualmente, Regina Guimarães ou Nuno Moura. João Gesta é mestre da mais séria cerimónia, a que lida com seus convidados a nu.»
Valter Hugo Mãe
A "falha nos dentes" a que o título alude é o antipoético que afinal se torna poético. O erro que dá sentido às coisas. Ou, se preferirmos, o profano que abala o sagrado e, deste modo, o faz revigorar-se.
sérgio Almeida, JN