Pátria
de Fernando Aramburu
Sobre o livro
O retábulo definitivo sobre mais de 30 anos da vida no País Basco sob o terrorismo.
No dia em que a ETA anuncia o abandono das armas, Bittori dirige-se ao cemitério para, na sepultura do marido, Txato, assassinado pelos terroristas, lhe contar que decidira voltar à casa onde tinham vivido os dois. Mas poderá ela conviver com aqueles que a perseguiram antes e depois do atentado que transtornou a sua vida e a da família? Poderá saber quem foi o encapuzado que num dia chuvoso matou o marido, quando este regressava da sua empresa de transportes?
Por mais que chegue às escondidas, a presença de Bittori alterará a falsa tranquilidade da terra, sobretudo a da vizinha Miren, amiga íntima noutros tempos, e mãe de Joxe Mari, um terrorista encarcerado e suspeito dos piores receios de Bittori. O que aconteceu entre essas duas mulheres? O que envenenou a vida dos filhos e dos respetivos maridos, tão unidos no passado? Com lágrimas escondidas e convicções inabaláveis, com feridas e coragem, a história arrebatadora das suas vidas, antes e depois da tormenta que foi a morte de Txato, fala-nos da impossibilidade de esquecer e da necessidade de perdoar numa comunidade fragmentada pelo fanatismo político.
Mario Vargas Llosa
Comentários
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Soberbo
Em Janeiro de 2011, a organização separatista basca, ETA, autora de 829 mortes em mais de 40 anos de luta armada, anunciou um cessar-fogo permanente e geral, mas Pátria não é um livro sobre estas décadas de terrorismo, nem sobre a estrutura da organização, mas sobre as sequelas deixadas ao povo basco por estes anos de terror. Este livro fala de duas famílias outrora muito amigas e íntimas, mas que devido a um trágico acontecimento, passam a desprezarem-se mutuamente ficando irremediavelmente fracturadas. Através de uma estrutura temporal, Fernando Aramburu, constroi uma narrativa soberba e através dos membros de cada familia conta-nos uma história sobre a família, amizade, fanatismo, perdão e redenção de uma maneira muito intima. O autor tem a habilidade de fazer com que estas 800 páginas sejam lidas de uma forma dinâmica pois não perde tempo com divagações filosóficas indo ao âmago da história, da mente das personagens e ao ambiente de fanatismo, do medo, da desconfiança e raiva de forma concisa e sem fazer juízos de valor. Pátria é um grande livro, não só pelo seu tamanho mas também pela força da história que transmite.
Pátria é talvez um dos melhores livros que já li. O autor capta com uma profundidade o impacto que a ETA teve na vida e expectativas de vida das famílias bascas de uma forma soberba. O livro é muito mais do que um retrato sobre as questões que levam alguém a ser pró-eta ou anti-eta. É um livro que nos fala sobre como crescer e viver num determinado contexto pode nos condicionar e influenciar sobre toda a nossa vida e a sua trajetória. É obrigatório.
Este romance de Fernando Aramburu, leva o leitor a compreender o significado de ter uma força terrorista no seu país e como isso pode afectar a vida dos seus habitantes. Através de 700 páginas o autor descreve 30 anos de vida no país Basco. A crueldade que pode existir no homem quando valores patrióticos falam mais alto e vidas humanas são meras consequências que são necessárias.
Segundo a Infopédia, Pátria é "o país em que cada um nasceu" ; "é o lugar de origem"; "é o lugar onde uma pessoa se sente melhor ou em relação ao qual nutre um sentimento de pertença". Assim é a Pátria de Fernando Aramburu! Assim é a Pátria dos protagonistas! A Pátria das famílias que nos dão a conhecer um pouco do conflito armado: a família vítima de terrorismo e a família com um terrorista.