Ouro e Cinza
de Paulo Varela Gomes
Grátis
Sobre o livro
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a Formação de Adultos como sugestão de leitura.
Literárias, inteligentes, viscerais, as crónicas
de Paulo Varela Gomes versam sobre
Bichos | Estética | Este país | Índia | O campo | O tempo
«São acerca de quê, estas páginas? Não sei como responder a esta questão. Sentimentos, sítios, ideias, objectos, imagens, climas, bichos, plantas.
Escrevi crónicas regulares para jornais e revistas durante trinta anos, desde 1984. Foram milhares e milhares de páginas. Habituei-me ao formato limitado, entre quinhentas e mil palavras por texto, mais coisa, menos coisa, e reparo hoje que, desde as primeiras crónicas, no "Blitz" e no "Jornal de Letras", encontrei uma certa facilidade nesse formato. O facto de serem poucas as palavras nunca evitou que dissesse asneiras, mas teve a grande vantagem de impedir que fossem muito graves. Por outro lado, poucas palavras implicam palavras certas. Aprendi a escolhê-las com cuidado.
Colaborei com o "Público" desde que este jornal apareceu, em 1990. Escrevi textos de variados géneros e, entre 2007 e 2013, crónicas regulares que se distribuíram por três séries: "Cartas de Cá" (mais de oitenta), "Cartas do Interior" (mais de cem) e "Cartas de Ver" (cerca de cinquenta). Foram muitas semanas e muita vida, muito ouro e muita cinza. Seleccionei para este livro algumas crónicas das duas primeiras séries, aquelas que ainda hoje me parecem bem, conjuntamente com alguns artigos mais longos, que saíram tanto no "Público" como em outras publicações.
Espero que os leitores, tanto os que já conhecem estes textos como aqueles que nunca os leram, gostem da variedade do mundo observada em poucas palavras.»
—PVG
O aspecto mais tocante de Ouro e Cinza talvez esteja entre o que o tempo consome e o que no tempo perdura, as contradições de uma humanidade que tão bem se reconhece na definição de campo partilhada a páginas 202: «O campo, para mim, é a revivescência permanente de uma recordação imóvel. Sucede isto porque no campo, por mais que tudo mude, tudo está sempre no princípio, silencioso e quieto. É da ordem das coisas que não haja tempo». São notáveis as paisagens traçadas por Paulo Varela Gomes, quer quando se perde na agitação das cidades, quer quando se recolhe nos resquícios de uma antiguidade que o progresso tem vindo a aniquilar. A desconfiança acerca do progresso é, aliás, uma das características mais marcantes destas crónicas, sobretudo quando entendemos por progresso algo oposto à preservação e à conservação dos patrimónios cultural e natural.