Obra Poética I
de Ruy Cinatti
Grátis
Sobre o livro
Acerca da obra de Ruy Cinatti, e sobre as reacções que ela provoca em quem a lê, fala-nos Joana Matos Frias, no prefácio a este livro: «Um murro no gosto [do] público. É com certeza aqui que se encontra a razão da resistência e do fascínio, da fuga e da força, da distância e da intimidade que esta obra parece provocar. Porque é difícil encontrar na poesia portuguesa um poeta como Ruy Cinatti, ao mesmo tempo tão introspectivo e tão inteiramente atento ao exterior: uma consciência infeliz transformada em consciência poética vigilante, um poeta "singularmente repartido entre o céu e a terra", na síntese precisa de Luís Amaro, que soube criar uma obra de dimensão ética e estética, activa e contemplativa, social e pura, realista, neo-realista e surrealista, sem qualquer prejuízo da sua coerência interna. Pelo que à entrada e à saída deste livro, o leitor deverá simplesmente alegrar-se com ele e dizer:
«"Sou feliz!
Hoje vibra a poesia até ao fim."»
A presente edição, organizada e revista por Luis Manuel Gaspar com a colaboração de Joana Matos Frias e Peter Stilwell, reúne toda a poesia publicada em vida do autor. Será posteriormente publicado um segundo volume, onde se reunirá toda a sua poesia póstuma ou inédita.
Expresso
Passar ao lado de uma poesia tão plena, deixando na penumbra este que foi, sem margem para dúvidas, um dos nossos maiores poetas, será um crime de lesa-poesia. Nómada incansável, o poeta é, pois, como o pássaro que anda de vale em vale na floresta. Incorporou as asas do ossobó e partiu para parte incerta, o seu prosaísmo afirma-se quando entre os homens se mistura para entre eles dizer não me revejo nesta condição, afastado da claridade essencial das estrelas e da música silenciosa do céu estrelado. Esta relação com a natureza pesa na poesia de Ruy Cinatti como um Deus mais complexo do que o catolicismo assumido pode explicar, não cinge, tal como na poesia, nenhuma formulação congelada e cristalizada nos seus próprios preceitos. Abre-se ao mundo através de uma inteligência que é libertação, para logo se fechar na simplicidade do factual.